Achatamento da curva: Fizemos o suficiente?

Passados pouco mais de 30 dias, todas as cidades da Baixada Santista já apresentam uma taxa de ocupação preocupante em seus leitos de UTI

Por: Paulo Corrêa Jr  -  30/04/20  -  10:00
  Foto: Matheus Tagé/AT

Em março, deu-se início a estratégia definida pelo Governo do Estado de São Paulo para que o colapso no sistema de saúde fosse evitado. De forma resumida, foram fechados diversos segmentos comerciais para que a população pudesse ficar isolada socialmente o máximo de tempo possível.


Outras medidas, como a insistente sugestão do uso de máscaras e a proibição da circulação em locais públicos, também foram armas utilizadas contra a pandemia. Assim, previa-se que o contágio considerado inevitável aconteceria de forma gradativa, possibilitando que os hospitais pudessem atender as pessoas contaminadas pelo coronavírus de forma organizada e com recursos materiais e humanos compatíveis com a demanda.


Passados pouco mais de 30 dias, todas as cidades da Baixada Santista já apresentam uma taxa de ocupação preocupante em seus leitos de UTI, colocando em dúvida se cumprimos de forma correta o isolamento social e as demais obrigações que foram impostas pelo poder público.


Santos, a maior cidade da Baixada Santista, vem apresentando um alto crescimento diário de 5% nos casos de contaminação e já conta com 60% dos leitos de UTI da rede pública ocupados com casos de contaminação pela Covid-19.


No caso das vagas de atendimento a convênios e particulares, a situação é ainda pior. Como exemplo, a Santa Casa tem 95% de ocupação e a Casa de Saúde, 85%. Por contar com uma rede hospitalar maior e mais preparada, o município viu esses números crescerem rapidamente, uma vez que recebe pacientes das demais cidades, sem recursos ou vagas.


Atualmente, 40% dos internados são de cidades vizinhas. E tudo isso justamente num momento em que a pressão para o retorno das atividades do comércio aumenta e o percentual de isolamento social diminui. 


Longe de sabermos a quanto estamos da descoberta de uma vacina ou remédio que nos livre dessa pandemia, vivemos a dúvida sobre em qual estágio de contaminação estamos e se cumprimos com o tempo necessário fora de circulação para que não tenhamos picos capazes de gerar uma corrida aos hospitais muito maior do que a capacidade de atendimento e internação.


É preciso que façamos uma análise sobre esse retorno, mesmo entendendo a preocupante situação da economia. Que Deus nos permita fazer a melhor escolha para que tomemos a decisão certa, no momento ideal.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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