A hipocrisia fantasiada de responsabilidade social

Alguns personagens do mundo político decidiram chamar a atenção da população, declarando insignificantes 'reduções de despesas' que em nada irão mudar o futuro caos orçamentário

Por: Paulo Corrêa Jr  -  16/04/20  -  10:00
Prefeitura de Santos estipulou 4,40% de aumento na taxa do IPTU
Prefeitura de Santos estipulou 4,40% de aumento na taxa do IPTU   Foto: Alberto Marques/AT

Em um momento em que o país inteiro discute como devemos fazer para manter por mais um tempo o isolamento social causando o menor dano possível à economia, muitas soluções e ideias deverão surgir. Empresários, gestores, setor público, representantes dos trabalhadores e sociedade vêm se debruçando sobre a mesa de discussões que incluem subsídios do governo, redução nas horas de trabalho, compromisso na manutenção de empregos, entre outros.


Conforme vai passando o tempo e aumentando o período em que parte do comércio e setor produtivo está fechada, vão sendo necessárias mais medidas para redução de custos públicos e manutenção de empregos de forma geral.


Assim, estão sendo estudadas todas as possibilidades de onde é possível o corte de despesas. O setor privado, que depende menos de burocracia, já se antecipou. O público, ainda que não com a mesma velocidade, já colocou em prática algumas medidas e irá lançar outras o quanto antes.


Acontece, porém, que alguns personagens do mundo político decidiram chamar a atenção da população, subindo em palanques declarando insignificantes “reduções de despesas” que em nada irão mudar o caos orçamentário que estaremos envolvidos em breve.


Hipócritas, tentam mostrar-se sensíveis ao grave problema, escondendo-se em pequenos cortes ineficientes para melhorar a situação. Pura promoção pessoal, publicada em manchetes de jornal, envolta numa cortina de fumaça que esconde todo o cinismo de quem tenta fazer agora o que há anos já deveria ter feito.


Escondem problemas gravíssimos que em breve surgirão, como o não cumprimento da folha salarial. E assim, preocupados com o título de incompetência administrativa que certamente levarão para o resto da vida, esquecem do princípio básico de quem voluntariamente dedica-se a pensar no próximo: quando você faz de coração, não há necessidade de vangloriar-se disso ou mesmo expor o feito.


E posso dizer isso com total desencargo de consciência porque nasci e cresci em um universo evangélico, onde dediquei muito de minha vida em auxílio ao próximo, administrando, gerindo e mantendo instituições que atendem aos mais necessitados, ajudando a desenvolver ações que pudessem proporcionar uma vida melhor a esse mesmo público, sem nunca ter levantado uma bandeira mostrando o que fiz. A verdadeira responsabilidade com o próximo não dá entrevista na televisão.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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