Chama o menino do computador

Ainda não identificamos de maneira clara quantos processos burocratizam as ações desnecessariamente para automatizar sistemas e dinamizar as operações

Por: Maxwell Rodrigues  -  17/03/21  -  09:32
Inúmeros processos ainda impedem que as operações nos portos sejam automatizadas
Inúmeros processos ainda impedem que as operações nos portos sejam automatizadas   Foto: Reprodução

Rotineiramente, acompanhamos eventos e webinares a respeito de tecnologia, automação e inovação no setor portuário.


Fico impressionado com as comparações entre portos da Bélgica, Roterdã, Brasil e outros. Fico imaginando como seria fácil pegar tudo o que eles fizeram ao longo de décadas e implementar no Brasil em semanas, pelo menos é assim que muitos eventos, apresentações ou soluções são propostas.


Não muito distante desta realidade o governo está cada vez mais incentivando sistemas e projetos de tecnologia.


Acompanhamos, recentemente, a aprovação do cronograma da janela única aquaviária.


Projeto que se refere à integração de dois sistemas: Porto sem Papel (PSP), administrado pelo MInfra, e o Portal Único de Comércio Exterior (Pucomex), administrado pela Receita e Secex.


Tais iniciativas são excepcionais pois demonstram que o mindset possa ter mudado.


Contudo, existem alguns pontos que precisamos destacar.


Ainda não identificamos de maneira clara quantos processos burocratizam as ações desnecessariamente para automatizar sistemas e dinamizar as operações. Será que todos os envolvidos possuem a percepção clara disso?


Inúmeros processos ainda impedem que as operações nos portos sejam automatizadas.


Por outro lado, percebemos a velocidade de algumas autarquias, agências e iniciativa pública e privada em avançar com algo tão sensível ao futuro do negócio portuário.


- Automação para aumento de produtividade
- Integração de sistemas para tomada de decisão.


Mas a tarefa não é tão fácil.


Pode-se acreditar que desenvolver sistemas tem o papel exclusivo de avaliar os processos e, por consequência, programar em uma determinada linguagem de computador. Isso se torna ainda mais complexo quando plataformas de 16 bits precisam ser integradas com ferramentas extremamente modernas. Será que isso ocorre em nosso país? É claro que sim. E existem outros desafios que não irei explorar neste artigo mas que irei abordar em outro. Falta de mão de obra especializada é um fator critico.


Mas um ponto importante é que muitas vezes falta expertise para integrar sistemas com hardware’s.


Quando se desenvolve sistemas ou adquire-se algum hardware especifico existe multa engenharia por trás do desenvolvimento e, certamente, acompanhamento da evolução e modernização ao longo de anos e anos destes produtos e softwares.


Neste ponto acabamos sofrendo demais por não ter uma sequência de investimentos que garantam a continuidade de novas versões e até mesmo modernização do parque de hardware contratado.


Percebemos isso ao longo de anos em nosso país.


Gostamos de tropicalizar sistemas e hardware adquiridos no mercado interno ou internacional.


Adotamos estas medidas pela falta de infraestrutura, falta de processos claros e definidos e sem sobreposição de obrigações.


Diante disso sistemas são obrigados a “conversar” com outros que, por sua vez, são controlados por processos manuais.


Tropicalizamos o problema!


Quando comparamos grandes portos desenvolvidos com o Brasil, esquecemos de mencionar que o budget para investimentos em tecnologia chega a casa de 25%, enquanto no Brasil esta realidade ainda está muito distante deste número. Arrisco dizer que não passa de 4%


Ainda enxergamos tecnologia como custo ou área de suporte. Muitas pessoas ainda entendem que para resolver problemas de tecnologia basta chamar o menino do computador.


O incrível disso tudo é que os meninos cresceram e se tornaram grandes desenvolvedores de aplicações.


Muitas empresas do setor portuário já perceberam que é necessário avançar para
tendências mundiais como IOT (internet of things) IA (Inteligência Artificial) , machine learning e outras tecnologias.Tudo isso depende de muita integração e velocidade de processamento.


Estas são tendências mundiais e que já chegaram ao setor portuário.


Esse avanço criou um dos maiores dilemas que estamos enfrentando no momento. A geração atual precisa ser recolocado no mercado de trabalho, pois as funções que existiam no passado deixarão de existir e porque os meninos que consertavam computadores cresceram, e agora estão dando as cartas do jogo, com sistemas e aplicações revolucionárias.


Esta nova geração se transformou e não quer vínculo, fica desinteressada por mercados complexos e desorganizados. Principalmente aqueles locais que não são desafiantes e que não entendem doas tendências de futuro.


Onde acharemos este tipo de mão de obra se não nos organizamos e nos tornamos desafiadores para estes meninos que se tornaram gigantes da tecnologia?


Uma boa pergunta! Quem sabe o menino do computador tenha a resposta!


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