O dedo do treinador

Não há como negar que a grande vitória do Santos passou pelo técnico Jorge Sampaoli

Por: Marcio Calves  -  29/04/19  -  01:31
Atualizado em 29/04/19 - 01:36
Sampaoli não hesitou em fazer cinco importantes alterações, deixando titulares no banco de reservas
Sampaoli não hesitou em fazer cinco importantes alterações, deixando titulares no banco de reservas   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Com absoluta isenção, o grande resultado da primeira rodada do Campeonato Brasileiro foi a vitória do Santos sobre o Grêmio, por 2 a 1, neste domingo pela manhã, em plena Arena Olímpica. Há pelo menos 20 anos o Santos não estreava com vitória no torneio, fora de casa.


E, pelas circunstâncias da partida, o resultado foi justo. Antes de qualquer análise ou distribuição de créditos, importante ressaltar que foi um jogo sensacional, repleto de emoções e lances de gol. Nos camarotes, o técnico Tite, da Seleção Brasileira, que, com certeza, deve ter feito várias observações.


Uma delas, sem dúvida, o nível técnico do goleiro Vanderlei, que fez pelo menos “um milagre” (ou dois?) e outras defesas decisivas. Há tempos que Tite hesita em dar uma oportunidade ao jogador do Santos, contrariando as evidências.


O treinador do time nacional deve ter registrado também o que é ousar, ter coragem e ser estrategista. Não há como negar que a grande vitória do Santos passou pelo técnico Jorge Sampaoli. Consciente da força técnica do Grêmio, principalmente jogando em Porto Alegre, Sampaoli preparou o time com três zagueiros e três volantes em 48 horas, de modo a anular o meio campo do adversário, que tem neste setor um de seus pontos mais fortes.


Detalhe: jamais tinha utilizado tal esquema tático. Assim mesmo, fez a opção, acreditando que era a melhor proposta.


E fez mais: não hesitou em fazer cinco importantes alterações, deixando no banco titulares como Rodrygo, Carlos Sánchez, Jorge,Alison e Derlis González, pelo desgaste físico da partida contra o Vasco. Em tese, com tantas mudanças, era difícil acreditar numa vitória.


Além de Sasha, que tem demonstrado grande irregularidade técnica, escalou Felipe Jonathan na lateral. Curiosamente, os dois fizeram os gols do time, ambos com muita qualidade. Acaso? Não, visão e sensibilidade do treinador, que disse que o jogo  mostrou também que o Santos tem um elenco de 25 jogadores e vai utilizá-los sempre que julgar conveniente.


É claro que, apesar do grande resultado, é cedo para avaliar potencial do time dentro da difícil realidade do Campeonato Brasileiro. E inegável, porém, que o Santos segue a mesma linha do Campeonato Paulista, surpreendendo sempre e demonstrando um futebol diferente, muito longe da chatice (maçante) que há muito envolve o futebol brasileiro.


O torcedor santista que se prepare para emoções a favor e contra.


Os méritos maiores são dos jogadores, mas está claro que muito também se deve ao “dedo do treinador”. Quem sabe, a partir da filosofia de Sampaoli, o Brasil não volte as suas origens.


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