Ainda recentemente, a partir da denúncia de estupro, a situação de Neymar se tornou um assunto mundial. Pela acusação grave e, também, por seu futuro no futebol. O quadro, naturalmente, evoluiu sob todos os aspectos e, para complicar, o jogador sofreu mais uma séria contusão e foi cortado da seleção brasileira que disputa a Copa América.
A impressão que se tem, à distância, é de que o corte do atacante desanuviou o ambiente no time brasileiro, com o foco se limitando ao futebol e seus resultados. O sentido do grupo se tornou coletivo, sem estrelismo ou fatores extracampo.
A repercussão no mercado europeu, mais especificamente no PSG, foi muito grande, a ponto do presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, numa rara entrevista, ter alertado que, na próxima temporada, exigirá comprometimento dos jogadores e não aceitará mais comportamento de popstar.
Um recado claro para Neymar, sem dúvida. Nos bastidores já se admitia que o próprio jogador negociava seu retorno ao Barcelona ou até uma transferência para o Real Madrid. Em outra entrevista, o dirigente foi ainda mais incisivo, admitindo vendê-lo pelo valor pago ao Barcelona, perto de R$ 1 bilhão.
Pedida justa, para pelo menos ressarcir o clube de seu investimento. Neymar, na França, a rigor só ganhou o fraco campeonato francês e em pouco mais de um ano criou problemas no campo, fora dele, no vestiário e até com vários companheiros.
Sua imagem foi seriamente afetada, apesar de ninguém negar sua qualidade técnica. O presidente da La Liga (Campeonato Espanhol), Javier Tebas, deixou claro neste domingo (30) que prefere que Neymar não volte ao Barcelona. Em declarações divulgadas pela rádio Onda Cero, Tebas elogiou o atacante brasileiro do Paris Saint-Germain. Mas, viu o comportamento extracampo do astro como um fator negativo para o torneio do país.
Pep Guardiola, para muitos o melhor técnico do mundo e responsável pela maior fase do Barcelona, ao ser questionado sobre o eventual retorno do jogador, fez uma pergunta interessante: ”O que mudou no clube espanhol? Será igual àquele período?"
O treinador provocou uma reflexão mais profunda, cuja resposta parece óbvia. Com certeza não será a mesma coisa: mudou o técnico, alguns jogadores saíram, outros jogadores vieram e o mais grave: é grande a ira do fanático torcedor catalão, por tudo que envolveu sua saída do clube.
O meia Rivaldo, craque brasileiro e até hoje ídolo no Barcelona, sugeriu que Neymar, preliminarmente, peça desculpas ao clube e seus torcedores. Não garantiu, porém, que isso superará a animosidade e rejeição atuais.
Inegavelmente, por sua qualidade técnica, reconhecida até por Pep Guardiola, Neymar ainda tem muito mercado. Pode ser na Itália e até na Inglaterra, porém, terá que mudar sua postura e efetivamente se tornar profissional, tendo o futebol como objetivo maior.
Em síntese, mudar radicalmente seu comportamento público, além de sua filosofia de vida, sem “parças” e até sem o pai-empresário, que carece também de estrutura para tornar o jogador o melhor do mundo.
Numa rápida enquete realizada neste final de semana, entre argentinos, envolvendo Messi e Maradona, o resultado indicou: o primeiro é fantástico e o segundo foi genial.
De quem Neymar está mais próximo: fora de campo, a Maradona, cuja vida foi sempre uma verdadeira montanha russa. Aliás, até hoje.
O argentino, porém, nos gramados, conseguiu até fazer o pequeno Napoli ser campeão italiano.
Neymar já conquistou mais de 20 títulos pelo Santos, Barcelona e PSG. Entretanto, está longe de ser um verdadeiro ídolo ou uma unanimidade no futebol.