Confiança e cumplicidade não devem ser confundidas com promiscuidade

Intimidade demais estraga o relacionamento? Veja como o amor correspondido pode gerar e manter uma relação saudável

Por: Marcia Atik  -  22/04/21  -  09:11
     Nos laços que ligam duas pessoas não deve haver nós
Nos laços que ligam duas pessoas não deve haver nós   Foto: Gift Habeshaw/Unsplash

Quando uma pessoa nota que o amor é correspondido, que num relacionamento sua autoestima não fica comprometida, e percebe auto realização em outros aspectos da vida, ela tem a certeza e sente que está numa relação saudável.


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Para que a saúde de um relacionamento exista, a confiança e a cumplicidade devem estar presentes. Mas essa presença não deve ser confundida com promiscuidade. Uso essa palavra forte e pesada, pois é assim que vejo os relacionamentos em que não existe espaço para a vida individual de cada um dos parceiros, em que tudo é de domínio do outro. Desde algum segredinho de seu jardim secreto até mesmo as questões financeiras.


Nos laços que ligam duas pessoas não deve haver nós, amarras rígidas, quase que perenes, pois saber da possibilidade do fenecimento faz com que cuidemos e reguemos mais o jardim.


Saber reconhecer questões essenciais do casal e questões pessoais de cada um dos envolvidos faz crescer e amadurecer o relacionamento, pois chama a atenção para um aspecto que creio ser de máxima importância: a admiração.


Muitos fatores transformam o amor em agonia e sofrimento, e o excesso de intimidade sem um espaço para o individual me parece ser o mais grave, pois sufoca e sem oxigênio nada sobrevive.


Nós somos levados a pensar que quando dois se bastam o mundo é todo deles. Que se não há dor não há amor. Isso soa tão falso como moeda de R$ 3,00, pois é justamente o oposto que mede a qualidade do relacionamento. O número de trocas, e só se troca algo por outro algo que não se tem ou que não se conheça, aspecto que a intimidade além do limite impede de acontecer, pois exige um controle total do outro, que torna tudo muito sem graça.


É lugar comum queixas sobre a falta de desejo sexual dentro dos casamentos, e eu digo sem medo de errar que o excesso de intimidade está no bojo dessa questão.


Sabemos que existe um forte apelo cultural que reforça a intimidade, mas daí para uma relação de poder e dominação é um piscar de olhos.


Nesse século, em que se valoriza tanto as liberdades individuais, vamos fazer com que os relacionamentos mudem seu perfil de perfeição para a aritmética imperfeita que diz que um mais um é igual a três. Cada um dos parceiros com suas histórias individuais e uma terceira história que eles constroem juntos que é a história de seu próprio relacionamento.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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