Qualquer cidade do país gostaria de contar com um edifício como o que abrigava a Escola Estadual (EE) Acácio de Paula Leite Sampaio. O imóvel, construído em 1967 a partir de um projeto de Décio Tozzi, permanece sendo uma joia da arquitetura de vanguarda paulista, com seu vão livre e concreto aparente.
Santos possui esse privilégio, mas, devido a desmandos gerenciais de ordem superior, não se beneficia disso. Há cinco anos, o Governo do Estado, por meio do Centro Paula Souza (CPS), firmou um convênio com a Prefeitura para a elaboração de um projeto de readequação do prédio. A proposta era instalar no local uma Etec (Escola Técnica Estadual), com dois cursos, Logística e Portos.
O tempo passou e nada saiu do papel. Pior: em audiência pública solicitada pela vereadora Audrey Kleys (Progressistas) no último dia 12, um representante do CPS nos informou que o órgão não tem interesse em dar prosseguimento à medida.
Mais que um erro estratégico do ponto de vista educacional, a decisão, a meu ver, é inaceitável. O projeto de restauração, a cargo do arquiteto que idealizou o edifício, já está pronto. Desperdiçamos tempo e dinheiro? Há outro fator preocupante. O governador João Doria (PSDB), em recente reunião com a bancada do meu partido na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), garantiu que não determinaria contingenciamento de recursos em três áreas: segurança, saúde e educação. A não continuidade do processo de instalação da Etec na EE Acácio não significa um corte, mas configura retrocesso.
Enquanto vice-presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação da Alesp – colegiado responsável por acompanhar os atos do Centro Paula Souza –, além de membro das comissões de Educação e Cultura e de Assuntos Metropolitanos e Municipais, me proponho a buscar o diálogo com o Governo do Estado com o intuito de reverter esse quadro. É meu dever não só como parlamentar, mas como educador. Se o projeto está fora dos planos neste ano, que seja retomado, com investimentos devidamente carimbados no Orçamento do Estado, em 2020. Se era possível lá atrás, tem de ser possível mais à frente.