Sinal vermelho

Na quarta-feira (13), o governador João Doria anunciou que a Baixada Santista já é a segunda região no Estado mais afetada pelo coronavírus

Por: Kenny Mendes  -  15/05/20  -  10:49
Coronavírus acende sinal vermelho na Baixada Santista
Coronavírus acende sinal vermelho na Baixada Santista   Foto: Matheus Tagé/AT

Uma festa realizada na Riviera de São Lorenço, no último dia 3, ganhou repercussão nas redes sociais não apenas pelos vários carros luxuosos estacionados à frente da casa. Naquele final de semana, mesmo com São Paulo e outros 17 estados anunciando a ampliação do isolamento social, o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil casos confirmados do novo coronavírus.    O lema ‘fique em casa’, ali, foi solenemente ignorado.


Voltemos aos dias atuais. Enquanto escrevo este texto, o número de casos no País quase dobrou (196 mil). Na quarta-feira (13), o governador João Doria anunciou que a Baixada Santista já é a segunda região no Estado mais afetada pela doença (3.224 casos, até ontem). Mesmo com o triste índice de 206 mortes oficiais ocorridas na região, a necessidade do distanciamento social no enfrentamento ao vírus ainda é minimizada por muita gente. Infelizmente.


Não parece ser por acaso que a Baixada Santista avance nesse indesejável ranking. Na quarta, enquanto nossos vizinhos de Litoral São Sebastião (63%) e Ubatuba (61%) figuravam como os municípios com melhores índices de isolamento social em solo paulista (a faixa entre 60% e 70%), das nossas nove cidades, somente Itanhaém (56%), São Vicente (55%) e Guarujá (52%) apareciam dentro do patamar considerado ‘aceitável’ (de 50% a 60%).


Voltando à reunião de Bertioga citada no início da coluna, é preciso salientar que a grande maioria dos automóveis tinha placas de outras localidades (principalmente a Capital). Não se trata de um caso isolado. São frequentes os relatos sobre moradores de outras regiões que, aos finais de semana, têm optado por descer à Baixada. Sobretudo nos dias ensolarados. Quem acompanha meu mandato, sabe que considero o turismo a principal alavanca para o desenvolvimento econômico da região. Mas o momento é de exceção.


Além do fato de um potencial transmissor poder propagar o vírus num dos nove municípios, há a hipótese também dessa pessoa precisar ser atendida às pressas na rede local de saúde em decorrência da doença. A média atual de ocupação de nossos leitos de UTI é de 80%, sinal de que que o sistema pode entrar em colapso em breve. Daí toda a preocupação.


O momento delicado exige ações efetivas que dificultem a disseminação do coronavírus, ainda que impopulares. A saúde pública tem de estar sempre em primeiro plano. Defendo que somente os veículos com placas das cidades da Baixada Santista possam utilizar o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), no sentido Planalto-Litoral, durantes os finais de semana e feriados, enquanto a quarentena persistir. Exceção feita a caminhões e veículos de serviços essenciais (ambulâncias, bombeiros, polícias etc). Pode ser um mal necessário.


Quando a situação estiver comprovadamente sob controle de novo, ainda assim sou favorável a uma reabertura gradual dos postos de serviço. Levei a proposta ao Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista): um escalonamento com os profissionais liberais, escritórios e consultórios atuando apenas pela manhã, enquanto o comércio varejista (lojas, salões, shopping centers) passe a funcionar no período da tarde.


Repito: tudo isso somente é possível depois de atravessarmos a fase crítica que enfrentamos agora. É hora de redobrarmos os cuidados protetivos. Mais do que nunca, avançar o sinal pode ser fatal.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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