Senso de respeito

Não é hora para festas, aglomerações, visitas. Mesmo porque não há nada para se comemorar

Por: Kenny Mendes  -  26/03/21  -  09:00
Santos realiza barreiras sanitárias nas entradas da cidade para conter a disseminação da Covid-19
Santos realiza barreiras sanitárias nas entradas da cidade para conter a disseminação da Covid-19   Foto: Divulgação/Prefeitura de Santos

Em maio de 2020, durante uma sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deixei escapar um palavrão durante minha fala em plenário devido à decisão da Prefeitura de São Paulo em adotar um megaferiado na Capital. À parte o desabafo fora de lugar, minha preocupação se fundamentava no iminente perigo da aglomeração de turistas nas cidades do litoral – fato que veio a se confirmar.


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Naquele momento, o novo coronavírus já havia tirado a vida de 20 mil brasileiros. Nesta sexta-feira (26), quando ultrapassamos a marca de 300 mil mortes no país, tem início mais um período de antecipação de feriados em São Paulo. E desta vez, ainda maior: se estende até o dia 4 de abril.


A medida foi duramente criticada pelos prefeitos da Baixada Santista, Litoral Norte e Vale do Ribeira, mas também pelo próprio Governo do Estado. Nenhum desses entes foi consultado previamente. Já ficaram mais do que óbvios os impactos que a descida de visitantes em meio a uma fase aguda da pandemia pode criar. E, para piorar, estamos vivenciando o pico da transmissão.


O Palácio dos Bandeirantes e o Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) se apressaram para anunciar regras que tentem dificultar a circulação de pessoas ao longo desse período. Estamos em lockdown até – não por acaso – o dia 4. A Operação Descida não será implantada no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) nesses dias e diversos serviços estão interrompidos.


Resta saber se tudo isso será suficiente para que o turista desista de pegar a serra. Infelizmente, ainda há muita gente que parece não levar a sério a gravidade da doença. Ou, talvez, acredite que é imune ao vírus. Assim, agem como se nada de anormal estivesse acontecendo. Os (maus) exemplos são constantes.


Algumas das nossas cidades já estão com 100% dos leitos ocupados. O pré-colapso criou um fenômeno em que pacientes com plano de saúde estão sendo encaminhados paras atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) devido à falta de quartos/UTI particulares. E quando essas vagas também acabarem?


Não é hora para festas, aglomerações, visitas. Mesmo porque não há nada para se comemorar.


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