O que assistíamos preocupados pela TV agora está em nosso quintal. As cenas da pandemia do coronavírus no Hemisfério Norte nos remetiam a filmes de ficção científica – só que o enredo é real e, como esperado, já pode ser visto em todo o planeta.
Epicentro da Covid-19 no Brasil, São Paulo vem adotando medidas diárias de contenção do vírus há um bom tempo. A antecipação ao problema permitiu que os impactos fossem menos drásticos na comparação com outras capitais mundiais no mesmo período, mas o enfrentamento está apenas no começo. Não se pode descuidar. A prioridade é salvaguardar vidas, por isso a necessidade da quarentena adotada em solo paulista.
O Poder Público – no nosso caso, o Governo do Estado – não está fazendo nenhuma benesse gratuita: pagamos impostos, portanto temos direito a todo o arco de proteção possível que se construa ao longo da crise. No combate à proliferação da doença e o tratamento às vítimas em primeiro plano, mas com a devida atenção à atividade econômica na retaguarda. Isso vem sendo feito.
Em meio à pandemia, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) atua para garantir que ações urgentes saiam do papel. Enquanto membro efetivo da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Casa, eu me reúno nesta sexta-feira (27) com outros parlamentares para deliberar sobre os decretos legislativos de ‘calamidade pública’ dos 645 municípios paulistas, um preparativo para a votação marcada para segunda-feira. Eles possibilitam a simplificação dos processos de compras e contratações de serviços essenciais, eliminando a burocracia nesse momento de turbulência.
Ontem (26), o governador João Doria (PSDB) anunciou o repasse de R$ 208 milhões para os municípios com mais de 100 mil habitantes utilizarem na guerra à Covid-19 – o que inclui Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande, Cubatão e Itanhaém. Na próxima semana, ele comunicará quanto os demais receberão (aí entrarão Peruíbe, Mongaguá e Bertioga). Também nos próximos dias, nós, deputados, debateremos a ampliação de recursos para a Saúde. A ideia é enviar, por meio de emendas de bancadas, R$ 10 milhões para as cidades da Baixada Santista.
Tenho, ainda, duas propostas para levar aos prefeitos da nossa região. A primeira é a utilização dos ginásios municipais como abrigos para a população de rua durante a quarentena (Guarujá já adotou esse mecanismo). A outra é os municípios firmarem convênios com a rede hoteleira, que agora sofre com a desocupação, para o uso dos quartos pelos profissionais de saúde que precisem descansar ou se isolar.
Em tempo: no último dia 18, protocolei um ofício ao Governo do Estado solicitando que os serviços de água, luz e gás não fossem interrompidos no estado, mesmo com a falta de pagamento das contas. A Sabesp já havia acatado o pedido para as famílias de baixa renda na semana passada.
Nesta terça-feira, com o senador Major Olímpio (PSL) intermediando a demanda em nível federal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou a mesma medida em todos os estados. E ontem, a exemplo do que havia feito a Comgás (que atende a Baixada Santista), a concessionária GasBrasiliano também decidiu não suspender o fornecimento de gás até o fim de maio. Sem dúvida, medidas de caráter humanitário.
O momento pede serenidade, bom senso e esforço coletivo. Disputas políticas ou ideológicas não apenas atrapalham – podem custar vidas. É hora de união contra um inimigo silencioso, invisível e letal. Vamos nos precaver, ficar em casa e ser solidários. Precisamos, mais do que nunca, ser humanos.