Nas dificuldades também surgem oportunidades

Pesquisa da Secretaria de Estado do Turismo, divulgada nesta semana, aponta que a Baixada deve receber até o fim do ano 4,1 milhões de turistas paulistas

Por: Kenny Mendes  -  21/08/20  -  11:07
Santos foi a primeira cidade da região a ter a autogestão da orla
Santos foi a primeira cidade da região a ter a autogestão da orla   Foto: Carlos Nogueira/AT

Desde que comecei a escrever neste espaço, tenho dito que o turismo é o principal instrumento para o desenvolvimento da Baixada Santista. Com a pandemia, tive de mudar de opinião: considero que o turismo será, necessariamente, a salvação para a retomada financeira da região. Estou convicto disso – e otimista.


O novo coronavírus acarretou uma série de impactos, como a recessão econômica, a restrição a viagens internacionais e a compreensível insegurança das pessoas em realizar longos deslocamentos. Tais fatores, por força da atual situação, podem servir como estímulo para que estâncias balneárias consolidadas encontrem novas oportunidades no turismo doméstico, em curto e médio prazos. A boa notícia: estamos entre as localidades com maior potencial para se destacar nesse novo momento.


Pesquisa da Secretaria de Estado do Turismo, divulgada nesta semana, aponta que a Baixada deve receber até o fim do ano 4,1 milhões de turistas paulistas – 20,1% de todos que viajarem dentro do Estado (20,6 milhões). Em 2019, o índice ficou em 18,2%. A própria pasta indica que, diante desse cenário, a tendência é a região ter condições de se recuperar mais rápido da crise sanitária do que a maioria das demais.


Temos de aprimorar, sempre, nossos serviços. Agora, mais do que antes. O lançamento do selo de qualidade da Associação dos Profissionais de Turismo da Baixada Santista (APT), atestando os bons princípios profissionais das agências turísticas contempladas, foi importante.  É um sinal de que já estamos buscando melhor qualificação.


Mão não é só do setor privado que esperamos recursos. Como membro da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), venho cobrando o Executivo sobre os repasses pendentes do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos). Entre 2013 e 2020, as ‘verbas Dade’ (convênios para fomentar o turismo local) em atraso somam R$ 500 milhões na Baixada Santista – R$ 276 milhões apenas para Santos. Compreendo o momento de exceção, mas temos de verificar a possibilidade de o montante ir sendo liberado aos poucos.


À parte o advento da Covid-19, mas já pensando os avanços que poderemos alcançar na cadeia turística a partir do ano que vem, estou convencido de que algumas bandeiras que já vínhamos defendendo para o setor ganham em relevância. A mudança do Terminal Turístico de Passageiros, no porto de Santos, para o Valongo é uma delas. Tirar os passageiros de navios de um local totalmente inapropriado para outro, nas proximidades do Centro Histórico, tende a revitalizar o lugar e impulsionar sua atividade econômica. A ideia foi vista com bons olhos por Prefeitura e Autoridade Portuária, agora estamos em conversas com o Governo do Estado.


Também podemos citar a retomada da linha turística do trem São Paulo-Santos. Participei de uma das viagens-teste do modal, em 2019. A pandemia atrapalhou o andamento do projeto, que ainda depende da definição sobre o novo marco regulatório do setor ferroviário. Mas, desativado há mais de 20 anos, o importante é que o pontapé para um recomeço já foi dado.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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