As festas de fim de ano são um momento em que buscamos renovar as esperanças – mas, no que se refere à qualidade da travessia marítima entre Santos e Guarujá administrada pela Dersa, a tarefa é um tanto difícil.
As intermináveis filas em ambos os lados, que são recorrentes ao longo do ano, voltaram a atormentar a vida de moradores e turistas no período do Natal e do Réveillon. Mais uma vez. Para se ter uma ideia, na sexta-feira passada, o usuário enfrentou uma espera de mais de duas horas para conseguir atravessar o canal. Uma vergonha. Naquela hora, seis balsas estavam em operação.
O Governo do Estado anunciou que 31 embarcações serão utilizadas nas travessias litorâneas paulistas nesta temporada – sete delas, entre Santos e Guarujá. Por ora, o máximo registrado foi de meia-dúzia em funcionamento. O que, nos momentos de pico, já se mostrou insuficiente. Se mais uma chegar, que ajude a ao menos atenuar o problema. Que, aliás, eu conheço de perto.
Entre 1999 e 2010, morei em Guarujá. Atravessava diariamente para Santos, onde já dava aulas. Os congestionamentos estavam atrapalhando tanto a minha atividade profissional, que optei por mudar de vez para a cidade vizinha. Não por acaso, uma das minhas bandeiras durante a campanha para deputado estadual foi a luta pela extinção da Dersa, que, além do péssimo serviço prestado, vinha afundando em casos de corrupção nos últimos anos.
Em outubro, eu e os demais 93 parlamentares paulistas aprovamos em plenário o fim da empresa. Um raro caso de unanimidade entre todas as bancadas da Assembleia Legislativa. Enquanto membro da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Casa, vinha alertando meus colegas para o descaso com que o motorista é tratado pela concessionária da travessia Santos-Guarujá. Mal o ano começa, já coleciono novos casos para levar ao conhecimento do colegiado.
A comissão vai acompanhar todos os detalhes da privatização da empresa, cujo processo deve ter início após a temporada de verão. Nosso objetivo é garantir um mínimo de melhorias na prestação desse serviço, precário há décadas.
As circunstâncias verificadas neste início de temporada só reforçam a necessidade da ligação seca entre as duas cidades, outra demanda da região que esperamos, enfim, ver deslanchar em 2020. É um caso urgente. Se a questão não avançar, corremos o risco de ter de comemorar o próximo Ano Novo sabendo, no fundo, que algumas situações pouco mudarão.