Cuidemos de quem cuida da gente

Momento é crítico e temos que pensar de forma coletiva: cuidar daqueles que cuidam de nós é o mínimo a fazer

Por: Kenny Mendes  -  03/04/20  -  10:00
  Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Assim como o papel dos bombeiros foi fundamental durante a tragédia das chuvas que atingiram a Baixada Santista no mês passado (entre os 45 mortos, dois eram da corporação), agora são os profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate ao coronavírus. Muitas vidas, inevitavelmente, dependerão do trabalho incessante dessas pessoas.


Todo e qualquer respaldo que médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais e outros trabalhadores da área possam receber nesse momento tão difícil será importante. Vale lembrar que o Ministério da Saúde convocou cerca de 15 categorias do setor, em caráter emergencial, para se integrarem ao Sistema Único de Saúde (SUS).


À parte a capacitação específica e o fornecimento dos equipamentos de proteção ao vírus, o Poder Público tem o dever de criar soluções para que a retaguarda à atuação dos profissionais não fique comprometida. Desde a semana passada, tenho apresentado uma proposta aos prefeitos da nossa região: que os municípios firmem convênios com a rede hoteleira para fornecer leitos, durante a crise, aos trabalhadores da saúde que atuam no combate à Covid-19.


Assim como eu e você, qualquer cidadão minimamente consciente está fazendo sua parte em meio à pandemia e mantendo o distanciamento social – de familiares, amigos e colegas de trabalho. Não se trata de determinação de governo X ou Y, mas uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS): quem pode, deve ficar em casa. Os profissionais da saúde, no entanto, estão no olho do furacão.


Por lidarem diretamente com o problema, eles ficam mais suscetíveis ao vírus. É justo que esses valorosos colaboradores tenham um local apropriado para se recolher, descansar e manter a distância recomendada de seus entes queridos – que, no contato diário em seus lares, estão expostos à contaminação. A preocupação não é à toa: os sistemas de saúde público e particular de São Paulo já afastaram, desde fevereiro, mais de 600 funcionários devido à suspeita ou confirmação de infecção pela Covid-19.


Na outra ponta, os hotéis teriam a chance de retomar a atividade econômica, mesmo com tarifas diferenciadas, tendo em vista que todas as unidades do setor permanecem fechadas. É importante salientar que nenhum funcionário atual seria submetido ao trabalho no período: equipes capacitadas, que possuem experiência de atuação em hospitais, ficariam responsáveis pelos serviços.


A medida já foi adotada em outros países e começa a chegar ao Brasil. Há exemplos semelhantes em capitais – São Paulo, Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR) e Natal (RN) – e cidades como Presidente Prudente (SP), Santa Maria (RS) e Criciúma (SC).


Por meio de uma emenda parlamentar emergencial, destinei R$ 300 mil à Prefeitura de Santos – primeiro município no litoral a registrar óbito em decorrência da doença – para auxiliar no custeio dessa ação. O chefe do Executivo de Guarujá, Válter Suman (PSB), também se mostrou favorável à ideia. Ele vem mantendo tratativas com empresários locais do ramo e pretende levar a proposta ao Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), durante reunião agendada para este sábado (4).


O momento é crítico e temos que pensar de forma coletiva: cuidar daqueles que cuidam de nós é o mínimo a fazer.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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