As oportunidades moram ao lado

Em julho, a região perdeu 709 postos formais, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia

Por: Kenny Mendes  -  11/10/19  -  11:13

Na contramão dos índices do mercado de trabalho brasileiro, a Baixada Santista iniciou o segundo semestre com queda no ritmo de contratações com carteira assinada. Em julho, a região perdeu 709 postos formais, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. É o pior resultado para o período desde 2016.


Precisamos urgentemente encontrar alternativas para a retomada do emprego. Dediquei uma coluna ao tema no início de setembro, quando falei da importância de mudarmos o Terminal Marítimo de Passageiros, em Santos, para o bairro Valongo, o que possibilitaria uma real revitalização do Centro Histórico e a movimentação da economia daquela área. Na função de deputado estadual, não pretendo me acomodar num gabinete – se o mandato me abre portas para levar ideias a diferentes segmentos públicos e privados, é o que vou fazer.


Na semana passada, apresentei ao governador João Doria (PSDB) uma proposta ousada, mas perfeitamente viável: a implantação de uma montadora de veículos na Área Continental de Santos. Engana-se quem acha que essa região da cidade se limita ao trecho entre Cubatão e Guarujá. Com 231,6 km², ela possui um território quase seis vezes maior que o da área insular do município (39,4 km²), onde estão localizadas as praias. Pouca gente sabe, mas essa localidade gigante faz fronteira com Mogi das Cruzes e Santo André, no alto da Serra do Quilombo.


Em termos de logística, temos ali tudo o que é necessário para o funcionamento de uma montadora: a proximidade com o porto, que possibilita o recebimento de peças e a exportação da produção; uma estrada de acesso (Rodovia Cônego Domênico Rangoni); o polo industrial de Cubatão, para obtenção de matéria-prima. Cenário que deve ficar ainda mais atrativo com o futuro apoio proporcionado pela ligação seca entre Santos e Guarujá (ponte) e o Aeroporto de Guarujá.


Algo dessa magnitude não surge da noite para o dia. Tenho conversado sistematicamente sobre o assunto com o secretário de Estado de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. Enquanto membro da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), defendo que o tema seja alvo de discussões variadas, inclusive pela importância do fator ambiental.


Ninguém está falando em erguer uma fábrica em meio à Mata Atlântica, rente à Serra do Mar. A intenção é o empreendimento ficar à beira da estrada, até pela questão logística. Temos muito espaço para que se façam as devidas e necessárias compensações. Por outro lado, o Poder Público precisa demonstrar interesse, por meio de incentivos estaduais, como a isenção de tributos, e municipais, com a cessão de áreas.


Já havia falado sobre a proposta com o governador no início de setembro. Vale lembrar que, naquele mesmo mês, ele voltou de uma viagem ao Japão com o anúncio do investimento de R$ 1 bilhão, por parte da Toyota, na expansão de sua fábrica em Sorocaba. Por que isso não seria possível no Litoral também? Claro que é preciso amadurecer a ideia, preparar as condições para que o projeto fique apto a sair do papel e, aí sim, poder oferecê-lo a empresas estrangeiras. Condições, há – e muito favoráveis.


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