Professor há mais de 20 anos, aprendi na prática que a boa formação de um aluno não se limita às quatro paredes da sala de aula. Tudo o que vier somar para o desenvolvimento cognitivo, estrutural e de caráter do jovem, seja em ação extraclasse ou complementar, é louvável.
Pensando nisso, levei à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma proposta para que as escolas da rede estadual possam oferecer o ensino de artes marciais como atividade extracurricular. A Educação Física permanece na grade obrigatória.
E por que as artes marciais? Quem pratica taekwondo, aikido, karatê, jiu-jítsu, judô ou muay thay, entre outras, sabe bem a importância atribuída à disciplina. Outra característica dessas técnicas – não apenas de luta, mas de conhecimento corporal e mental – é o respeito dedicado aos mestres. Em tempos nos quais o noticiário nos traz casos cada vez mais degradantes de agressões de alunos a professores, esses fatores podem fazer a diferença.
O projeto de lei prevê que as aulas sejam aplicadas nos níveis Fundamental e Médio, períodos em que a personalidade da criança e do jovem está em formação. E o praticante de artes marciais carrega os valores de respeito e disciplina para fora do tatame. Tais modalidades também podem contribuir para o futuro profissional do cidadão, pois estabelecem que a concentração e o foco são elementos essenciais para a pessoa atingir seus objetivos.
Há, ainda, os fatores sociais e de saúde: o aluno que aprende os valores proporcionados pelas artes marciais terá menos probabilidade de entrar para o mundo do crime ou das drogas. E, no aspecto físico, a prática do esporte com certeza acarreta uma vida muito mais saudável.
Por fim, essa atividade extracurricular incentiva uma maior integração do estudante com o seu ambiente escolar. Como sua participação fica condicionada à frequência na unidade de ensino, o aluno passará mais tempo na escola – não na rua ou, simplesmente, entregue ao ócio.