A boa política é possível

Ainda que tenha se tornado quase pejorativa, é a política que organiza e regula a vida das pessoas

Por: Kenny Mendes  -  02/08/19  -  11:42
A boa política é possível
A boa política é possível   Foto: Reprodução

Muito se fala da descrença na política. Mas a política é inerente ao ser humano – ou seja, negá-la é negar a si próprio. Ainda que a palavra tenha se tornado quase pejorativa nos últimos tempos, é a política, em todos os seus âmbitos, que organiza e regula a vida das pessoas. Como não vivemos solitários em ilhas, é ela quem nos permite construir e desenvolver o que chamamos sociedade.


Entrei para o mundo político em 2012. Dou aula numa universidade santista e foram meus alunos que me incentivaram a disputar um cargo eletivo. Eles se animavam com minhas ideias e me estimularam a tentar tirá-las do papel. Como? Fazendo... Política.


Sete anos depois, acredito ter feito a escolha correta. Não encaro a política como profissão, tanto que continuo a ministrar minhas aulas. Vejo nela a oportunidade de contribuir para uma sociedade com justiça social, trabalhando por mais condições na saúde, educação, segurança e tantos outros campos. Posso dizer, sem medo de parecer piegas, que o que me move é o desejo de construir um futuro melhor.


Passados os primeiros 100 dias do mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), afirmo que o trabalho – incessante – tem valido a pena. Me lembro que quando apresentava minhas propostas durante a campanha de 2012, na qual alcancei meu primeiro mandato na Câmara de Santos, muita gente me olhou com ceticismo.


Ao falar do compartilhamento de bicicletas, por exemplo, algo que conheci com meus alunos numa viagem à França, muita gente me tachou de louco. "Isso não dá certo no Brasil", eu ouvia. "É coisa pro Primeiro Mundo, não serve aqui". Eu discordava. E continuo discordando.


Assim como o desacreditado projeto das bikes públicas não só vingou como acabou se espalhando por várias cidades, assistimos tantos outros pelos quais trabalhei como vereador se tornarem realidade – a passarela para cadeirantes na areia, as bibliotecas móveis,  as estações de ginástica e parques de calistenia na praia e a Lei Cidade sem Lixo, para citar alguns.


Quero crer que essas conquistas motivaram pessoas que andavam incrédulas com relação à classe política a repensar seu posicionamento – tanto que acabei reeleito com a maior votação da cidade (24.765 votos) e, depois, cheguei à Alesp com o apoio de 117.567 eleitores. Os quais, julgo, ansiavam por uma nova forma de fazer política.


Pois é o que venho procurando realizar, também, na nova função. Assim como nos tempos de vereança, não me permito criar obstáculos antecipadamente nem desistir de empreitadas consideradas difíceis de transpor. No linguajar popular, sou teimoso e chato. Se não fosse desse modo, o projeto da linha de trem de passageiros entre São Paulo e a Baixada Santista, uma das minhas bandeiras de campanha no ano passado, não estaria sendo retomado. O próprio vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), entusiasta da ideia, fez questão de participar conosco de uma das viagens de teste.


Mas não é só esse exemplo isolado que me faz acreditar no papel de um deputado estadual. Nesse curto período de trabalho, estamos avançando na proposta de uma ligação seca entre Santos e Guarujá, batalha que fiz questão de encampar para dar um fim a uma lenda urbana que se arrasta há mais de 90 anos; lutei pela renovação dos ônibus das linhas intermunicipais da Baixada Santista, cujos veículos climatizados devem estar nas ruas a partir do ano que vem; estamos intermediando uma solução definitiva para a Ponte dos Barreiros, em São Vicente, junto ao Governo do Estado.


À parte as ações do dia a dia, encaminhei uma série de propostas na Alesp. Entre elas, o projeto que prevê a matrícula na rede de ensino paulista, particular ou pública, condicionada à carteira de vacinação do aluno; o que obriga a adaptação de 10% dos brinquedos nos parques públicos para deficientes e portadores de mobilidade reduzida; e, ainda, um que possibilita ao estudante das escolas estaduais participar de aulas de artes marciais como atividade extracurricular.


Tenho consciência da importância da função que exerço. Continuo querendo fazer diferente. E fazer mais. A política pode, sim, dar bons resultados. É no que acredito. Ontem e hoje.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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