Profissionais da Enfermagem: mais do que aplausos eles precisam de valorização
Superada a fase mais difícil da pandemia, os profissionais de enfermagem voltaram a cair no esquecimento
Durante os períodos mais críticos da pandemia de COVID-19 no Brasil quantos de nós não foram às janelas e sacadas dos prédios aplaudir os médicos e profissionais de Enfermagem que arriscavam as suas vidas diariamente para salvar outras vidas? Eles ficaram conhecidos como “anjos sem asas” pela importância do seu trabalho. Superada a fase mais difícil da pandemia, os profissionais de enfermagem voltaram a cair no esquecimento.
Hoje, eles precisam mais do que aplausos, precisam que a sociedade abrace a luta deles, pois seguem sendo uma das poucas categorias da área da saúde que ainda não contam com um piso salarial definido. A maior homenagem que eles poderiam receber é o reconhecimento, e isso vem através da valorização por meio da garantia de um piso salarial digno e defesa da jornada de trabalho de 30 horas semanais.
Na condição de parlamentar, tenho encampado essa bandeira no Congresso Nacional por meio da defesa ferrenha do PL 2564/2020, cujo requerimento de urgência aprovamos recentemente. Sabemos que a luta da categoria é antiga, vem desde a regulamentação da profissão, na década de 1980, por isso temos consciência da importância da aprovação do PL 2564/2020.
Na Câmara dos Deputados, temos trabalhado junto aos demais parlamentares para que o PL seja votado definitivamente ainda no mês de abril. O valor previsto de piso salarial pela proposta é de R$ 4.750 para enfermeiros; R$ 3.325 para técnicos de Enfermagem; R$ 2.375 para auxiliares; e de R$ 2.375 para parteiras. A ausência de um salário inicial nacionalmente estabelecido faz com que haja variações consideráveis de remuneração entre profissionais que atuam nas mesmas localidades ou o que é ainda pior, que o profissional seja subvalorizado e negligenciado.
A fixação do piso salarial não é apenas uma reivindicação justa, mas urgente. Tenho muitos amigos na profissão e sei o quanto as escalas de trabalho são cruéis e as condições, na grande maioria das vezes, desumanas. Isso já ocorre há muito tempo, e a pandemia só tratou de agravar ainda mais a situação.
É importante frisar que as discussões devem ser ampliadas para além do piso salarial, e devem contemplar também a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais. Esse é outro ponto sensível que faz justiça aos profissionais da enfermagem, levando-se em conta que praticamente todos os profissionais de Saúde trabalham de acordo com esse regime. Não faz sentido a distinção justamente com os profissionais de enfermagem, que são o grupo que fica mais exposto.
Diante desse cenário, os argumentos do presidente da República de que o governo não suportaria o impacto financeiro não passam de desculpa para a falta de interesse em resolver a questão. Os profissionais de enfermagem podem ter a certeza que seguirei sendo um defensor do PL 2564/20 e é por isso que precisamos encontrar um caminho para viabilizá-lo. O Governo precisa parar de gastar mal o dinheiro público para que possamos empregá-lo corretamente, e o piso salarial é apenas um exemplo. Os profissionais da enfermagem são a maior força de trabalho da saúde brasileira e a luta deles é minha também!
