Menos polêmica e mais investimentos

Investimentos para o setor da Cultura representam entre 4 e 6% do PIB Nacional. Para fazer um paralelo, no mundo os investimentos em Cultura chegam a 20% do PIB

Por: Júnior Bozzella  -  20/01/20  -  08:39
  Foto: Rogério Soares / AT

Está semana uma grande polêmica envolvendo o agora ex-secretário Especial de Cultura, Rodrigo Alvim, que foi exonerado após divulgar um vídeo fazendo referência ao ministro de propaganda de Hitler durante a Alemanha nazista, Joseph Goebbels, chamou a atenção do país. O pronunciamento foi divulgado para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, e acabou colocando a Cultura no Brasil sob os holofotes.


Os últimos anos definitivamente não tem sido nada favorável para a Cultura no nosso país, ao passo que chegamos o ponto de no início do ano passado ter sido extinto o Ministério da Cultura. Os investimentos cada vez menores para o setor vem representando algo entre 4 e 6% do PIB Nacional, e não ocupou até hoje uma centralidade na administração pública brasileira. Para fazer um paralelo, no mundo os investimentos em Cultura chegam a 20% do PIB.


Uma frase atribuída ao ex primeiro-ministro britânico, Tony Blair, diz que “O rock n’roll é mais importante para a economia da Grã-Bretanha do que o carvão”, em referência à importância do legado dos Beatles para o país. Em diversos países do mundo a Cultura é vista como um instrumento de aquecimento econômico, à exemplo também de Hollywood e da indústria fonográfica norte-americana.


No Brasil a indústria cultural foi responsável por injetar R$ 171 bilhões na economia brasileira em 2017, segundo os dados mais recentes do Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O montante foi equivalente a 2,6% do PIB do país naquele ano. Esses números poderiam ser muito maiores se houvessem políticas públicas mais efetivas para o setor.


Somadas, as áreas de audiovisual, patrimônio e artes, música, artes cênicas e expressões culturais, setor empregou 106 mil pessoas em 2017.


Estima-se que esses números estejam muito aquém da realidade devido à inexistência de dados oficiais reunidos pelo governo sobre o tamanho desse mercado e seus impactos em outras áreas. Essa lacuna de informações atrapalha, inclusive, a criação de políticas públicas para o setor.


No mundo todo, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estima que o setor da cultura seja o responsável por gerar cerca de 30 milhões de empregos e movimentar US$ 4,3 trilhões ao ano (R$ 17,4 trilhões), equivalente a aproximadamente 6% da economia global. Com exceção ao Reino Unido e Estados Unidos, o Brasil foi o principal produtor de música popular no século 20. O brasileiro é um povo inteligente e criativo, com uma vocação natural para a Cultura, que tem sido praticamente ignorada a cada governo.


Em um comparativo com os nossos vizinhos da América do Sul, estamos atrasados mesmo em relação a países como a Colômbia. Lá a área cultural corresponde a 2,4% do PIB colombiano, segundo dados oficiais, mas o atual governo tem a meta de ampliá-la para 7% até 2022. Até o momento nao vimos nenhum compromisso do atual governo nessa direção.


Infelizmente aqui na região o cenário não é muito diferente do nacional. Nas nove prefeituras da Região Metropolitana da Baixada Santista dos cerca R$ 9,23 bilhões municipais orçados para 2018, apenas pouco mais de R$ 57 milhões (0,62 em média) foram previstos para a área Cultural, o que significa menos de 1% da soma de todos os orçamentos juntos.


Enquanto homens públicos é fundamental que trabalhemos para que a Cultura nacional tenha o protagonismo que merece, protagonismo esse que impulsionaria a Educação, o Turismo e a Economia do nosso país. Na Câmara dos deputados tenho procurado fazer a minha parte, destinei R$ 5 milhões para investimentos em áreas ligadas ao setor e tenho atuado em diversas frentes com o objetivo de garantir mais recursos para o segmento. Pela Cultura de um povo passa o desenvolvimento de uma nação. Aqueles que viram as costas para a Cultura são contra o crescimento e o progresso do Pais.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter