Contra as milícias digitais em defesa da democracia

Ano de 2020 foi complicado, mas uma das vitórias sem dúvidas foi o combate às milícias digitais

Por: Júnior Bozzella  -  28/12/20  -  12:20
Atualizado em 28/12/20 - 12:33
A iniciativa tem como objetivo evitar aglomerações e o deslocamento até a unidade de saúde
A iniciativa tem como objetivo evitar aglomerações e o deslocamento até a unidade de saúde   Foto: Imagem ilustrativa/Unsplash

O ano de 2020 foi definitivamente um período muito difícil, de dor, sofrimento e perdas em virtude da pandemia de Covid-19, não só para para os brasileiros, mas para milhares de pessoas em todo o mundo.


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Apesar dos obstáculos, não fizemos das dificuldades uma desculpa para diminuir o ritmo do trabalho, mas sim uma motivação para trabalhar ainda mais. E uma das minhas grandes vitórias sem dúvida alguma foi o combate às milícias digitais.


Tenho imenso orgulho de ter sido, no Congresso Nacional, um dos pioneiros a lutar contra essa gangue covarde que se esconde atrás de computadores e IPs para mentir, manipular e assassinar reputações.


Como disse o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, a democracia se caracteriza por três pilares: imprensa livre, eleições periódicas livres e judiciário independente. Em maio e junho deste ano passamos por um momento sombrio onde a democracia foi literalmente ameaçada no episódio em que soltaram rojões contra o STF. A gangue de milicianos e radicais chegou ao ponto de enviar ameaças de morte a magistrados e seus familiares. Foram descobertos planos detalhados de ataques à corte com plantas do STF. Episódios como esses são alguns dos exemplos de situações que tivemos durante os últimos dois anos onde tivemos ameaças diretas e claras à democracia no Brasil.


Infelizmente o que vivemos hoje é uma luta absolutamente desigual contra uma verdadeira enxurrada de informações falsas. Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que a maioria das postagens suspeitas de fake news não recebe sanções das empresas de tecnologia que firmaram parceria com a Justiça Eleitoral nas últimas eleições. Até o último dia 05 de dezembro foram denunciadas 173 postagens pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com conteúdo considerado como informação falsa e publicado nas redes Twitter, Facebook, Instagram, YouTube e TikTok. Do total, apenas 21% receberam algum tipo de sinalização de que são desinformação e um número menor ainda, só 13% estão fora do ar.


Contudo, o que nos preocupa é que 66% dos posts não recebeu sanção alguma, com destaque para o Tik Tok onde todos os conteúdos considerados desinformação foram removidos. Vale ressaltar ainda que todas as empresas citadas acima firmaram uma parceria com o tribunal de combate a fake news em que se comprometem a tomar ações educativas no âmbito do programa de enfrentamento à desinformação.


Os números mostram que o YouTube pode ser considerado o canal com menos filtro em relação ao que é informação verdadeira e falsa, sendo a plataforma que menos removeu os conteúdos considerados desinformativos, permitindo que 76% dos 46 vídeos denunciados pelo TSE continuassem no ar sem aviso sobre fake news. Facebook e Instagram, pertencentes à mesma empresa, mantiveram no ar 65% das 80 postagens encaminhadas. Já o Twitter não aplicou sanções a 61% dos 44 tuítes identificados pelo tribunal.


Os criadores de informação falsa estão em toda parte, até no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas. Em alguns casos são pessoas eleitas para defenderem os interesses do povo, mas que em vez disso trabalham por seus interesses próprios se utilizando de meios e métodos escusos. Fazem parte da longa lista da milícia digital nomes como os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF), Filipe Barros (PSL-PR), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ). Também são listados candidatos derrotados nas eleições 2020, como Alan Lopes (tentou cargo de vereador no Rio pelo PSD) e Gustavo Gayer (concorreu a prefeito de Goiânia pelo DC). Citados no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF) também tiveram postagens consideradas enganosas: os blogueiros Oswaldo Eustáquio e Allan dos Santos e o ex-deputado Roberto Jefferson.


Eu, enquanto deputado federal, tenho um imenso orgulho de ter combatido as milícias digitais, de ter denunciado esse esquema torpe de disseminação de informações falsas, de ter buscado o Ministério Público (MP) e de, enquanto presidente do PSL no estado de São Paulo, ter expulsado do partido os deputados estaduais Gil Diniz e Douglas Garcia, denunciados no esquema de disseminação de fake news. Dessa forma, sigo com muita honra, abraçando essa bandeira e, desta forma, contribuindo com o Supremo Tribunal Federal (STF) nessa luta pela preservação da democracia e das instituições


Direito de resposta do deputado Federal Filipe Barros (PSL-PR)


*“Em artigo de opinião publicado emA Tribuna, fui citado por "colega" deputado federal como sendo integrante de suposta “milícia digital” e que, por isso, atentaria contra a democracia. Considero que é questão de Justiça não deixar tal ofensa infantil sem a devida resposta. Convém destacar que o termo usado, criminoso e vago, mais parece uma reação automática diante da inegável perda de influência do autor no campo de atuação onde já foi mais bem recebido: as redes sociais. Quando fez campanha colando sua imagem à do presidente Jair Bolsonaro para obter votos que jamais teria sem ele, o articulista não costumava aderir a narrativas fantasiosas, que não resultaram em nada concreto, além de estimular a coação contra quem se manifesta livremente na internet. A verdade é que pessoas de bem detestam traidores e os eleitores expressam seu repúdio como podem, muitos deles nas redes sociais. Essa é a constrangedora verdade que tanto incomoda os "políticos" entusiastas da censura. Estes sim são os inimigos da democracia”


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