Pelé, 79 anos

Uma crônica sobre o homem Pelé, de um devoto confesso: Eu

Por: José Luiz Tahan  -  25/10/19  -  20:53

Pelé, 79 anos.


Neste último dia 23 de outubro o Rei Pelé chegou aos 79 anos. O homem mais conhecido do planeta, o atleta do século, o Edson Arantes do Nascimento, o Gasolina, o gênio.


Pela apresentação logo feita dá pra imaginar que sou fã, e sou mesmo. Mesmo antes de ter sido seu editor por três ocasiões, três livros, era fã, depois dos três livros, além de fã somei ao primeiro sentimento a admiração real, próxima.


Lembro da primeira vez que o encontrei, uma sensação estranha a de esperar por ele na sala anexa à sala de reuniões na Rua Riachuelo, no Centro de Santos, quando batia um papo com o amigo Rogério Zilli, integrante da família do Rei e responsável à época pelo acervo particular que um dia iria para o Museu Pelé, estava aguardando nesta sala quando comecei a ouvir a voz grave mundialmente conhecida, entende? Ele por detrás da porta fechada falava ao telefone, não identifiquei o assunto, apenas identifiquei a voz e continuei aguardando muito pilhado por este momento.


Quando o Rogério nos levou à sala abrindo a porta lá estava ele, de pé, já se aproximando com o sorriso aberto, cumprimentando com aperto de mão firme e breves tapinhas nas costas, sem deixar de nos olhar. No segundo seguinte pediu água, um café Pelé (o único que nos deixa com um Rei na barriga, ele sempre brinca) e sentamos.


Achei a voz diferente ao vivo, achei também ele diferente da figura que sempre vemos em fotos, vídeos, sempre mediados por algo eletrônico ou papel.


Fiquei surpreso com a simplicidade, transparência e interesse em falar sobre o livro que estávamos criando, e sempre ao seu lado, seu escudeiro, o Pepito Fornos, há mais de 40 anos ao lado do Rei.


Em um momento ficamos sozinhos, eu e o Pelé, e ele me propõe um novo livro, nunca antes publicado sobre ele, um livro sobre suas...canções. Eu estanquei, sei o quanto o Pelé leva a sério a música e sei também que é um subtema, já esperava ele começar a cantar o “Menino da porteira” quando devolvi a ideia com um tema maior, um livro sobre o Pelé nas artes, ou seja, na música, cinema, televisão, sobre o fenômeno fora dos gramados, pensei comigo, acho que aí temos um caminho, o Pelé ouviu e começou a gostar da ideia quando todos voltaram à sala e voltamos ao assunto “Pelé 70”, uma fotobiografia em homenagem aos 70 anos do Rei, isto era em 2008, o livro saiu no início de 2010.


Hoje passados 9 anos do lançamento este livro virou uma raridade, foi amplamente distribuído perto da Copa da África, os sete textos que compunham a obra feitos pelos craques Pepe, Torero, Roberto Muylaert, Michel Laurence, Xico Sá, Vincent Defourny e Orlando Silva davam ao leitor visões sobre a vida do homem  Pelé, somadas às fotos  garimpadas em arquivos  de alguns dos melhores bancos de imagens do mundo.


Depois desta experiência vieram outras duas, outros dois livros que muito me orgulham, outros encontros com o Rei, outras lembranças.


Antes que alguém próximo a você, leitor, ou você mesmo diga que ele Pelé é um mau ser humano eu já saio em sua defesa notando o cuidado dele com pessoas próximas, família e parceiros de negócios.


Também estendo essa interpretação sobre sermos muito mais rígidos com ídolos do que somos com outras figuras, reconheço, claro, defeitos em mim e nos nossos pares, mas simplesmente diminuí-los, ver e sublinhar dramaticamente seus defeitos e negar suas virtudes pode ser um veneno, uma anemia cultural, um baixo astral que pode alterar a forma como vivemos a nossa própria história. Esculhambar nossos ídolos faz mal para nós também, nos contamina.


Mas este é um assunto longo e delicado, deixo um convite para voltarmos a ele, quem sabe na democracia de um botequim.


Edson Pelé, desejo a você saúde, alegrias e uma vida serena, perto de quem você ama.


Obrigado por tudo até aqui, longa vida ao Rei!


Agradeço a preferência, voltem sempre.


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