Como falar com as crianças

Foi incrível. Nesta semana, fui convidado para conversar com alunos de um colégio da cidade, venham comigo que eu conto!

Por: José Luiz Tahan  -  12/04/19  -  20:24

Conversar com crianças é difícil. Nós, adultos, cheios de máscaras, personagens e defesas, estamos acostumados ao nosso teatrinho diário, de baixa qualidade dramática, na maioria das vezes. Com criança é diferente.


Enquanto carrego esses pensamentos, divido com vocês a experiência que tive esta semana, quando fui ao Colégio Coração de Maria, colégio de freiras com uns 115 anos de vida, no bairro Ponta da Praia, em Santos.


O professor de Filosofia Diego Monsalvo, que, além de professor, é cliente, amigo e autor da casa, foi o criador da ideia e do convite.


Fizemos um papo aberto com alunos e professores, para falar sobre o ofício de livreiro, editor e produtor cultural, e para que fosse mais completo e intenso, convidamos, além de quem vos escreve, mais duas pessoas para subir ao palco da escola.


O organizador do Clube de Leitura da Realejo - não sabia que temos um clube? Pois temos, há mais de dois anos e gratuito, legal demais -, Bira Lima, que também é meu amigo e cliente, topou tocar o clube e topou ir ao colégio falar sobre a experiência. E para completar o time, claro, uma escritora recém-publicada por nós, a Carolina Gonzalez e o seu “Joris, o Pirata”, livro infanto-juvenil que narra as aventuras de um pirata holandês na Santos do Brasil colônia.


Pois façamos, falamos e falamos. E as crianças não saíram da sala, não pediram para ir ao banheiro e ficaram lá, ouvindo e interagindo com todos nós.


Dentre os assuntos, falamos sobre a nossa vida numa livraria, que o hábito faz o leitor, que eles devem ser livres para conhecer de tudo, que os youtubers querem ser autores de, vejam vocês, livros impressos.


Esse texto deseja ser uma carta de agradecimento para a escola, pro Diego, pro Bira e pra Carol, que antes de serem professor, organizador do clube e autora são todos amigos e clientes de longa data.


E para fechar, relembro uma das perguntas feitas pelas crianças, a parte mais divertida e intensa, a parte das perguntas diretas para nós. Foi assim:


Ela, de mão levantada.


Eu aponto pra ela e aguardo a questão.


Ela diz, “tio, você tinha dúvida se era essa profissão que queria?”.


Eu digo, “claro que tenho dúvida, hoje mesmo, vindo pra cá, essa dúvida me rondou. Mas as dúvidas são necessárias, são elas que fazem a gente pensar sobre nós, sobre o que fizemos e sobre o que um dia vamos fazer nas nossas vidas”.


Quando tem certeza, paramos de pensar sobre as coisas.


Eu estou sempre com dúvidas.


Olhei pra plateia e eles estavam atentos, acho que semeei a dúvida neles. Ainda bem.


Obrigado pela preferência, voltem sempre! 


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