Não há dúvida de que nossa cidade é belíssima, haja vista os jardins, a orla de modo geral, o clima, o relacionamento interpessoal, sendo, por certo, uma das melhores para se viver. Amo morar em Santos.
Mas, não é por isso que devemos esquecer os problemas, que, por sinal, são muitos. A intenção não é criticar, porque isso é fácil. Difícil é trazer ideias e concretiza-las, mormente diante do escasso orçamento.
Entretanto, a conscientização efetiva de que a deterioração grassa a cidade é um bom começo.
Não é preciso pesquisar muito nos sites de busca, redes sociais ou acompanhar o noticiário regional, para encontrar problemas, vários já crônicos.
Exemplo disso, é o esvaziamento e a degradação do Centro, que, ao longo das últimas décadas, especialmente nos últimos 10 anos, vem perdendo fôlego e apresentando redução de seu perímetro em área ocupada pelo comércio, escritórios e sedes de empresas.
Curioso notar que, no entorno do próprio Paço Municipal, o número de lojas fechadas parece igual ou maior do que o de estabelecimentos abertos, tamanho o desalento do empresariado com a situação atual, que só tende a agravar, caso não haja pronta e cirúrgica intervenção do Poder Público.
Os motivos passam pelos critérios de tombamento, que precisam ser mais bem discutidos, automação do Porto, a implicar redução significativa da mão de obra, conjuntura econômica do país, para ser breve.
Mas, não se podem omitir a inércia da Administração e a falta de visão política para evitar essa deterioração, que já se vinha desenhando há um bom tempo.
É certo que alguns projetos foram elaborados.
Houve, inclusive, contato com um famoso escritório de arquitetura para a apresentação de um esboço de reurbanização. Porém, com o cenário econômico adverso nas esferas estadual e nacional, entendeu-se pela inviabilidade do empreendimento, principalmente quando custeado com recursos públicos.
Agora, incentivos fiscais são implementados para quem queira investir na região.
Embora interessante a iniciativa, é voz corrente entre lideranças do comércio e consultores econômicos, que a renúncia fiscal representa muito pouco para que o empresário possa se animar a investir por lá, mesmo porque se está a exigir, de outro lado, a restauração de fachadas, com preços que giram em torno de R$ 4.000,00 o metro quadrado, segundo ouvi do comentarista de rádio e médico ilustre Ricardo Camilo.
Assim, fica mesmo impossível captar interessados.
Nem o futuro aumento da oferta de transporte, com o advento da ampliação do VLT, parece representar, por si só, meio de recuperação consistente para região, ainda que relevante.
Desabitado o local, sem moradias no entorno ou atrativos, evidente que o comércio não se anima, pois esse estado de coisas não gera demanda estável e interessante.
A verdade é que não não há esboço de uma política habitacional para ocupação de espaços nas proximidades.
Nessa toada, vem a Estação Rodoviária Jaime Rodrigues Estrella Júnior, deteriorada, obsoleta em dimensão e instalações.
Cidades brasileiras com arrecadação bem menor do que a nossa conseguem oferecer um equipamento muito melhor e mais adequado às necessidades de um terminal rodoviário decente.
Más condições de limpeza nos banheiros, abordagens constantes de pedintes, extorsão de flanelinhas, muitos deles dependentes químicos, tornaram o local pouco convidativo a turistas e moradores que precisam passar por ali.
É necessário, sem dúvida, um plano de revitalização, em parceria com a iniciativa privada ou até uma possível privatização, quem sabe, com a edificação de um grande e moderno centro comercial, para que tenhamos uma rodoviária compatível com a relevância da cidade, cidade essa que, inegavelmente, tem potencial real para a exploração do turismo, inclusive o negocial, o esportivo e o ecológico. Mas, não há perspectiva, da forma que as coisas caminham.
A desculpa sempre será a falta de verba. Todavia, ao chefe do Executivo cabe justamente ir buscá-la, o que, não bem se sabe, exige seguir caminho dificultoso.
De todo modo, não se pode negar que a possibilidade de êxito nessa empreitada é real, mesmo porque o Poder Público detém as ferramentas necessárias para a compensação em favor daquele que quer investir no engrandecimento da cidade e não apenas em arranha-céu. Além disso, indispensável a proximidade política com os governos estadual e federal.
Aliás, muitos santistas podem trazer ideais nessa linha e na modernização de nossa urbe. Vamos ouví-los.