Whatsapp e empresa

Redes sociais podem ser consideradas ferramentas de trabalho e divulgação de atividades profissionais de modo cada vez maior

Por: Da Redação  -  07/11/19  -  11:30

As redes sociais invadiram o cotidiano das pessoas e têm hoje enorme influência no comportamento individual e coletivo. Elas são a forma preferencial de informação e efetivo meio de comunicação, moldando ainda opiniões e preferências da maioria. Seu papel no mercado de consumo é crescente, canalizando recursos de publicidade, e seu uso em campanhas eleitorais tem se revelado cada vez mais importante para garantir a eleição de candidatos aos diferentes cargos em disputa.


Elas podem ainda ser consideradas ferramentas de trabalho e divulgação de atividades profissionais de modo cada vez maior. Todas as empresas têm sua página no Facebook, e algumas já desistiram de manter sites próprios na internet, enquanto milhares de autônomos, de todas as modalidades, utilizam o Whatsapp para receber contatos e contratar serviços com clientes.


A difusão e disseminação das redes trazem, entretanto, problemas. No plano individual, trata-se da dependência (que muitos classificam como vício) à qual estão submetidas milhões de pessoas em todo o mundo, incapazes de desligar-se, ainda que por pouco tempo, das redes, seduzidos pelos seus conteúdos, mensagens e possibilidades de relacionamento.


As dificuldades envolvem ainda o ambiente corporativo. Muitas empresas vêm encarando o Whatsapp como ferramenta tecnológica que implica a conexão permanente do trabalhador com a empresa. Assim, contatos e solicitações de informações são feitos pelos empregadores fora do horário de expediente, sem caracterizar tal procedimento como trabalho regular, não estando sujeitos ao pagamento de horas extras.


É fato que, no mundo moderno dos serviços, a relação empresa-funcionário vai além do compromisso formal da jornada de trabalho e, encarando a atividade profissional com dedicação e interesse, é natural que a relação não se esgote nas oito horas regulamentares diárias e que não possa existir nos finais de semana e feriados. O ritmo dos negócios, a imprevisibilidade de determinadas situações e a necessidade frequente de respostas imediatas rompem, portanto, a lógica vigente e exigem nova postura e atitude dos envolvidos.


Há limites, porém, para esse movimento. Não há no Brasil leis específicas sobre o assunto. Segundo especialistas em Direito, se o empregado receber mensagens de seus superiores via Whatsapp durante seus períodos de descanso sobre assuntos relacionados ao trabalho poderá pleitear o pagamento de horas extras. Mas admite-se que essa regra pode ser flexibilizada se o contrato de trabalho contiver a previsão de possibilidade contato fora do horário normal.


O assunto merece discussão aprofundada. Não é razoável a exploração sistemática e o estresse permanente da solicitação de serviços, 24 horas por dia, mas é preciso reconhecer há atualmente nova dinâmica do trabalho, que precisa ser considerada.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter