Violência extrema

Apenas 2,1% das cidades concentraram 50% dos 65.602 homicídios no País em 2017

Por: Da Redação  -  08/08/19  -  12:18

O estudo Atlas da Violência 2019, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum da Segurança Pública, apresentou nesta semana dados relativos aos municípios brasileiros. Um dado chama a atenção: apenas 2,1% das cidades concentraram 50% dos 65.602 homicídios no País em 2017, último ano com as informações disponíveis. Isso significa que os assassinatos aconteceram principalmente em 120 municípios do País e os mais letais não são capitais de estados.


A cidade mais violenta do Brasil em 2017 foi Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará, com 145,7 homicídios para 100 mil habitantes, mais de quatro vezes superior à taxa nacional (31,6), seguida de Altamira, no Pará, com 133,7 mortes a cada 100 mil habitantes, e São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, com o índice de 131,2 assassinatos por 100 mil habitantes.


Nota-se que a violência ocorre principalmente nas regiões Norte e Nordeste do País, uma vez que, das 20 cidades com maior taxa de homicídios, 18 estão ali localizadas. Entre as capitais brasileiras, Fortaleza (CE) e Rio Branco (AC) se destacam com índices de 87,9 e 85,3 homicídios a cada 100 mil habitantes, muito acima do Rio de Janeiro, com 35,6, pouco além da média nacional. Destaque-se que a capital fluminense teve sensível declínio em mortes violentas em duas décadas, que recuaram 44,1% entre 1997 e 2017. São Paulo apresenta a menor taxa entre as capitais brasileiras, com 13,2 homicídios para 100 mil habitantes.


O enfrentamento da violência exige polícia treinada, eficiente e capaz de enfrentar criminosos, além do combate sistemático às facções, responsáveis por ações de extermínio frequentes, especialmente no Norte. Mas os dados do estudo revelam, segundo o Ipea, que as cidades mais violentas, em geral, têm números piores no acesso à educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho, enquanto as mais seguras têm indicadores mais semelhantes aos de países desenvolvidos.


A ausência de políticas públicas para a população jovem é responsável pela aproximação dela do crime organizado. Os municípios mais violentos têm, em média, 60% da taxa de atendimento escolar das menos violentas, e o percentual de jovens de 15 a 24 anos que não estudava nem trabalhava era quatro vezes maior naquelas com mais violência letal.


Os desafios são enormes e não se limitam às grandes metrópoles brasileiras. O Atlas apontou que, enquanto as cidades com mais de 500 mil habitantes reduziram suas taxas de homicídios em 4,5% nos últimos 20 anos, as menores (até 100 mil habitantes) apresentaram aumento de 113% no mesmo período. Merece registro o fato que Santos figura em 11º lugar no ranking nacional das cidades menos violentas, com 7,8 homicídios para 100 mil habitantes em 2017. 


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