Vacina nos tribunais

Com uma incrível capacidade de disseminação e alta letalidade, não se pode brincar com a covid-19

Por: Da Redação  -  28/10/20  -  09:50

Enquanto os países mais ricos da Europa voltam a se fechar contra a segunda onda do novo coronavírus e os Estados Unidos, a economia mais rica do planeta, ostentam picos da infecção, no Brasil se desenvolve séria divisão sobre vacinas. O embate está localizado na obrigatoriedade ou não de sua aplicação e pode levar ao pior dos resultados - gerar preconceitos infundados e dúvidas por falta de informação objetiva sobre a imunização. Apesar da vacinação compulsória estar prevista em lei, como lembrou o advogado Fabrício Posocco na edição de ontem de A Tribuna, seus colegas de profissão e infectologistas acham a medida inócua. O resultado prático será incendiar posições em relação à vacina já polarizadas que vão prejudicar a cobertura da população. 


Clique aqui e assine A Tribuna por apenas R$ 1,90. Ganhe, na hora, acesso completo ao nosso Portal, dois meses de Globoplay grátis e, também, dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Em meio a essa discussão, que fique bem claro que o risco da pandemia não passou, apesar dessa ser a sensação de muitos. A média de mortes diárias está perto de 500 registros. Considerando as experiências europeias e americana de agora, a tese de imunização de rebanho segue sem sentido – a contaminação não cessa e vidas ainda são perdidas. Os médicos aprenderam mais sobre as terapias adequadas, mas ainda há faixas da sociedade, como idosos e diabéticos, que continuam vulneráveis. Por isso, o respeito à ciência e à importância de uma vacinação assertiva continuam fundamentais. 


Hoje já há algumas vacinações obrigatórias nos calendários das crianças que são descumpridas.


Portanto, a discussão da obrigatoriedade no Supremo Tribunal Federal, a pedido de partidos políticos, vai levar a uma discussão pouco prática. Paralelamente, a Corte vai decidir sobre outro tema importantíssimo para a imunização, que é a União financiar qualquer vacina, desde que seja promissora. 


Essa análise atinge explicitamente a aversão do bolsonarismo à imunização de origem chinesa, que está bem avançada em sua fase de testes. Entre as críticas estão justificativas sem sentido, como a de que suas doses são parte de um grande complô comunista para dominar o mundo. A discussão, na verdade, precisa estar centrada na eficácia e não no país de origem. A ignorância, caso ela persista, vai deixar muita gente sem imunização, o que em tese viabiliza a retomada da covid-19. A posição do Governo do Estado também gera muita inquietação, com uma exposição política de uma vacina que ainda não está com a testagem concluída. 


Com uma incrível capacidade de disseminação e alta letalidade, não se pode brincar com a covid-19. Ainda não se tem certeza se os já contaminados ficarão imunes provisoriamente ou por toda a vida ou se a adaptação do vírus vai torná-lo resistente a alguns tratamentos. Por isso, é fundamental que nenhuma vacina seja desperdiçada. Todas, após comprovada a eficiência, serão necessárias na fase inicial ou futuramente devido à demanda generalizada. A sociedade não pode se render ao negacionismo de alguns ou descuido de outros. 


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter