Um solução para o crédito

Houve um avanço considerável ao que se tinha antes da covid-19, que é fazer o crédito chegar à ponta mais vulnerável

Por: Da Redação  -  26/08/20  -  11:00

Duas iniciativas emergenciais do governo contra os efeitos econômicos da pandemia – o auxílio e as medidas de proteção ao emprego (redução de jornada/salário e suspensão de contrato) – dominam os holofotes com base em seus bons resultados. Entretanto, uma terceira frente também merece a devida atenção para programas futuros, que são as linhas de crédito voltadas às empresas. Não se pode dizer que esses financiamentos foram implantados de forma abrangente, no volume de recursos que realmente é necessário ou na velocidade esperada. Entretanto, houve um avanço considerável ao que se tinha antes da covid-19, que é fazer o crédito chegar àa ponta mais vulnerável da economia: os micro e pequenos empreendedores. 


Essas duas classes empresariais, importantíssimas por serem numerosas e empregarem milhões de trabalhadores, também oxigenam o ecossistema econômico. Desse bolo sairão parte das inovações que modernizarão o País e uma minoria que será o grande empresário do futuro. Contudo, a realidade é bem mais dura e nada romântica. Por falta de formação educacional, que vai do ensino básico ao conhecimento de finanças pessoais e domínio das modernas técnicas de gestão, muitos desses negócios naufragam em menos de cinco anos. Uma fatia disso está atrelada à descapitalização, reflexo de um acesso restrito ao crédito seja para crescer ou para sobreviver em momentos difíceis.


A falta de crédito tem várias causas, como plano de negócios malfeito que não convence o gerente de banco. Mas há um entrave maior ainda, que é a inadimplência. Com ela, os bancos fecham as portas. Uma forma de amenizar esse problema é a garantia, algo que o pequeno empresário, pelo histórico de economia instável, dificilmente vai poder apresentar. 


Pois é nesse campo que entra o aprendizado com a pandemia. Para fazer o crédito chegar à ponta, o governo destinou por meio de título públicos os recursos para reduzir o risco dos bancos ao emprestarem aos pequenos empreendedores. Na prática, quem dá o dinheiro é o banco que participa da linha, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Em caso de inadimplência, 85% de cada empréstimo terão a cobertura do Fundo Garantidor de Operações (FGO), bancado pelo governo. Se o pagamento for feito em dia, esses recursos do FGO permanecem sem uso. Porém, tal mecanismo é para este momento difícil e é possível que muitos dos tomadores realmente acabem dando calote. Por outro lado, essa será uma experiência importante para o governo e os bancos privados e animadora se o formato tiver sobrevida, que depende do FGO não sofrer uma sangria. 


A falência é uma espécie de seleção natural do capitalismo, mas a quebra constante é fruto de problemas estruturais. Para uma melhora do sistema, é preciso investir em capacitação da gestão e também manter as portas dos bancos abertas.


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