Um ministro para a Educação

Em 18 meses, nenhum projeto relevante para a Educação do país, apenas polêmicas e ações equivocadas

Por: Da Redação  -  19/06/20  -  11:39

Um dos ministros mais polêmicos e midiáticos do atual Governo deixou ontem o comando da Educação: Abraham Weintraub, que respondeu por uma das pastas mais importantes da Esplanada dos Ministérios por um ano e dois meses. Foi o tempo suficiente para criar em torno do setor diversas polêmicas, sendo a última no domingo, quando participou de manifestação de repúdio contra o Supremo Tribunal Federal. “Eu já falei a minha opinião, o que eu faria com vagabundo”, disse o ex-ministro, referindo-se aos membros da Suprema Corte.


Weintraub não foi um bom ministro para a Educação, a exemplo de seu antecessor, o filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, que deixou o cargo em abril do ano passado.


Abraham Weintraub não demonstrou, nesses 14 meses, aptidão mínima para lidar com alguns dos temas mais sensíveis para a pasta. Incendiário nas redes sociais e pouco preparado com as palavras, desenhou um perfil beligerante e de pouco conhecimento técnico.


Logo no início de sua gestão, o ex-ministro desencadeou um embate com as universidades federais. Em abril de 2019, afirmou que cortaria verbas de três universidades por promoverem “balbúrdia”. Mais tarde, o contingenciamento de verbas atingiu todas as instituições federais e de bolsas para estudantes de pós-graduação, no momento em que o governo tentava conter gastos. O ex-ministro também foi chamado pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados para explicar uma outra declaração: a de que universidades federais teriam “plantações extensivas de maconha”.


A Política Nacional de Alfabetização é foco de críticas por não trazer plano de ação ou metas. O que há de mais concreto é o Tempo de Aprender, programa de adesão voluntária que prevê ações de incentivo à alfabetização às redes estaduais e municipais participantes. Também não foi apresentada, até agora, uma proposta adequada para o Fundeb, fundo bilionário que financia a educação básica pública e que, por lei, expira no final deste ano. O tema ganha espaço de maior relevância neste momento em que o caixa das prefeituras está debilitado pelos gastos no combate ao coronavírus.


O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é outro tema que foi negligenciado pelo ex-ministro Weintraub. Primeiro, relutou em adiar as datas da prova deste ano, alegando que os alunos poderiam continuar seus estudos de forma on-line. Por fim, concordou em adiar, mas sem definição quanto a às novas datas.


Para além de sua visão míope sobre a pasta, o ex-ministro não demonstrou ser portador de postura pessoal e diplomática para ocupar um cargo de tamanha projeção e relevância. Como Educação é processo, é caminhada, mantê-lo no cargo só ampliaria a colheita ruim em muito pouco tempo.


Em 18 meses, dois ministros sem qualidade e nenhum projeto relevante. À espera do que virá.


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