Um espaço a mais

Se estamos assistindo a uma tendência ou um fato episódico, só o tempo, a ciência e o comportamento coletivo vão responder

Por: Da Redação  -  14/09/20  -  09:26

É notório que a pandemia do novo coronavírus impôs novos hábitos à sociedade em escala global. O temor de contrair o vírus, pelo efeitos terríveis que provoca no corpo humano, aliado ao elevado grau de letalidade, redirecionaram o comportamento das pessoas quanto ao seu convívio social.


Um desses reflexos são claramente sentidos no mercado imobiliário, como mostra levantamento encomendado pelo Sindicato da Habitação (Secovi). Imóveis mais espaçosos, preferencialmente com uma dependência destinada ao chamado home office, estão no radar dos potenciais compradores.


A pesquisa, realizada pela Brain com 2.389 pessoas de todas as regiões do Brasil, apontou que para 34% do universo consultado é imprescindível ter um espaço para o trabalho em casa. Ao longo dos últimos cinco meses, as empresas e seus funcionários tiveram que se adaptar a esta modalidade. Menos por comodismo, e mais por questões de segurança sanitária, para evitar ao máximo a circulação de pessoas, o home office vem se mostrando eficaz em determinados segmentos laborais. A estratégia, recomendada pelas autoridades de saúde, tem o condão de estancar o contágio em larga escala e evitar o comprometimento da rede de atendimento médico.


Obviamente que nem todos os setores da atividade profissional puderam se valer dessa alternativa, já que a presença física, no caso, é imperativa para a continuidade da ação produtiva. Muito menos pessoas de baixa renda têm a chance de fazer tal escolha pelas limitações financeiras que as cercam. Porém, representantes do setor imobiliário entendem que o fenômeno atinge todas as classes sociais. E argumentam que aqueles que residem espaços muito reduzidos, um quarto, por exemplo, buscam ao menos mais um cômodo.


O momento atual, de expectativa cautelosa, é crucial na definição dos anseios. Um corretor de imóveis ouvido pela Reportagem de A Tribuna avalia que há um quadro de insegurança no ar no que se refere tanto à rapidez e eficácia de uma eventual vacina quanto ao risco de uma nova onda da doença. Daí, sua influência naqueles que já pensavam em trocar de moradia e a possibilidade de ter que, novamente, trabalhar em casa.


Não são poucas as experiências observadas de quem precisou ficar na sua residência para dar sequência aos compromissos profissionais. Em que pese um certo lado cômico de alguns episódios, com ruídos incomuns ao dia a dia – crianças adentrando ao espaço de trabalho, animais de estimação passeando no mesmo ambiente -, a delimitação de nichos exclusivos passou a integrar as preocupações individuais.


Além disso, ter acesso ao lazer à porta de casa também ganhou importância entre os eventuais compradores. Isso desde que não implique riscos imediatos e localizados ao imaginário dos cidadãos. Enfim. Se estamos assistindo a uma tendência ou apenas um fato episódico, só o tempo, a ciência e o comportamento coletivo poderão responder.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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