Turismo enfrenta dificuldades

Considerando o biênio 2020/2021, a perda total projetada deverá atingir R$ 116,7 bilhões. Esses números são preocupantes, uma vez que o setor de turismo responde por 3,71% do PIB nacional

Por: Da Redação  -  26/04/20  -  12:35

Um dos setores mais afetados pela crise da pandemia do novo coronavírus é o turismo. O segmento teve queda vertiginosa em suas atividades, que envolvem pacotes de viagem, hotelaria, passeios organizados, convenções e feiras, além de bares, restaurantes e casas noturnas. 


A FGV Projetos estima que o PIB do setor de turismo brasileiro deve cair 39% neste ano, ficando em R$ 165,5 bilhões. Esse cálculo leva em conta que o verão de 2020 não foi afetado, e que as medidas de isolamento social na maior parte do País irão durar cerca de três meses, com gradual recuperação a partir de então. Não se espera, porém, a retomada imediata: a estimativa é de doze meses para o total reequilíbrio do setor. 


O quadro é, porém, incerto, uma vez que não se pode precisar o período exato de duração do atual confinamento. A projeção é que, em 2021, o produto total da atividade turística vá movimentar R$ 259,4 bilhões, valor 4% inferior ao registrado em 2019, com cenário de recuperação gradual, que vai ganhar mais força só no final do próximo ano. 


No caso do turismo internacional, que afeta empresas e agências de viagem, além, é evidente, das companhias aéreas, os prognósticos são ainda mais sombrios: serão necessários 18 meses para a normalização, indicando que os problemas e dificuldades se estenderão por todo 2021. 


Considerando o biênio 2020/2021, a perda total projetada deverá atingir R$ 116,7 bilhões. Esses números são preocupantes, uma vez que o setor de turismo responde por 3,71% do PIB nacional e é composto por várias atividades, que sofrem impactos diferentes. Há paralisação praticamente total de agências e organizadores de viagem, hotéis e pousadas, além do mercado de locação de casas e apartamentos por aplicativos (que crescia em ritmo aceler</CW>ado), e redução significativa do transporte aéreo e mesmo do rodoviário.


Outras atividades, como bares, restaurantes e casas de shows sofrem bastante, e o único movimento possível tem sido (no caso dos restaurantes) as vendas por delivery. Embora o público frequentador não seja composto exclusivamente por turistas, em algumas cidades e regiões eles constituem a principal fonte de receita, agora interrompida, sem previsão de retomada. 


O estudo da FGV é claro ao apontar que, mesmo com o fim do período maior de isolamento social, a queda na renda das pessoas e o receio em viajar reduzirão a demanda pelos serviços de turismo e dos setores relacionados a ele. Não há dúvida que medidas emergenciais precisam ser tomadas: socorro ao setor aéreo, reequilíbrio nos contratos de concessão de aeroportos e centros de convenções, maior crédito ao setor, especialmente às operadoras de turismo, com adiamento de tributos e flexibilização dos contratos de trabalho para pequenas e médias empresas. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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