Terminais de contêineres

Encerramento das atividades do Grupo Libra provocou aumento da taxa de utilização média dos berços de atracação de terminais de contêineres no Porto de Santos

Por: Da Redação  -  19/10/19  -  12:15
Atualizado em 19/10/19 - 12:20

O encerramento das atividades do Grupo Libra, ocorrido no segundo trimestre deste ano, provocou aumento da taxa de utilização média dos berços de atracação de terminais de contêineres no Porto de Santos. Dados da consultoria Solve Shipping mostram que, entre janeiro e março, a taxa esteve em torno de 40%, e desde maio, quando as operações do Grupo Libra cessaram, a taxa média já atingiu 61%. Como a ocupação considerada segura situa-se em 65%, começam a surgir preocupações sobre o futuro destes terminais em Santos. 


Segundo Leandro Barreto, sócio da consultoria, os números são um alerta. No atual cenário, o Porto de Santos poderá suportar a demanda sem precisar expandir os atuais terminais (ou construir novos) apenas por um período de três a cinco anos. Essa previsão foi feita com base na projeção de crescimento de 3% ao ano na movimentação de contêineres no Brasil. Neste ano, até agosto, o transporte dos cofres de carga avançou 2% em todo o País, embora em Santos tenha havido queda de 2,13%, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). 


Há atualmente três terminais operando no Porto: Santos Brasil, Brasil Terminal Portuário (BTP) e DP World (antiga Embraport), que já tiveram picos de utilização acima de 65% em algumas semanas deste ano. A visão de esgotamento do setor não é, porém, consenso entre operadores e especialistas.


Segundo vários deles, é preciso levar em conta que a recuperação econômica tem sido lenta, atrasando o crescimento da movimentação de contêineres nos próximos anos, e é possível aumentar a produtividade dos atuais terminais, sendo elevada rapidamente a velocidade dos embarques e reduzida a permanência dos navios nos berços por meio do acionamento de equipamentos hoje ociosos.


Essa é também a opinião da Autoridade Portuária de Santos, que concorda que é possível investir em automação dos terminais e aumentar sua eficiência, bem como passar a receber navios maiores, para elevar a movimentação com a mesma ocupação. Os atuais planos de expansão dos terminais existentes seriam suficientes para atender o aumento da movimentação nos próximos cinco anos.


O assunto merece atenção. Embora a situação não seja de crise iminente ou de rápido esgotamento em pouco tempo, impõe-se o planejamento para expandir o setor. A BTP compartilha o temor da Solve Shipping e, diante do crescimento a partir das reformas em curso no País, preocupa-se com a velocidade de reação das empresas. Novos equipamentos demoram a chegar, e a implantação de novo terminal na ilha de Bagres exige licenciamento ambiental e projetos técnicos e financeiros complexos. 


Os riscos existem, e as consequências podem ser a perda de cargas conteinerizadas para outros portos e regiões, o que não interessa ao Porto de Santos. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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