Teorias da conspiração

Com a pandemia da covid-19, as redes sociais se agitam com postagens, muitas vezes falsas, sobre a origem do vírus, atribuído à China

Por: Da Redação  -  04/05/20  -  12:18

As fake news, tão nocivas e criticadas nos tempos atuais, andam ao lado das chamadas teorias da conspiração. Estas refletem o pensamento dos que enxergam “lados ocultos e não revelados” em todos os fatos que acontecem, com a existência de complôs, manipulações e interesses de diferentes origens: inimigos políticos, a mídia, o poder econômico.


O espírito crítico e cético, duvidando de fatos que são apresentados, justifica-se. O avanço da ciência se deu em cima de questionamentos e propostas alternativas, fugindo de velhas teorias consagradas e universalmente aceitas. Isso não significa, porém, que se deve desconfiar de tudo e de todos, e não reconhecer fatos provados e demonstrados.


Com a pandemia da covid-19, as redes sociais se agitam com postagens recorrentes sobre a origem do vírus, atribuído à China, e inserido em plano diabólico de contágio mundial, com a finalidade de conquistar a hegemonia política e econômica no planeta ou, como alegam alguns mais delirantes, propagar a ideologia comunista em escala global.


Há informações que autoridades graduadas do governo Trump pressionaram agências de espionagem dos EUA, para procurar evidências sobre a teoria segundo a qual um laboratório do governo chinês foi a origem do coronavírus. A ofensiva se insere em campanha pública do presidente Donald Trump para culpar a China pela pandemia.


Os serviços de inteligência norte-americanos concluíram, porém, que isso não tem fundamento: o vírus teve origem na China, mas “não foi criado pelo homem”, nem geneticamente modificado, como disse Richard Grenell, diretor de inteligência nacional em comunicado. Apesar dessa afirmação, alguns analistas temem que a pressão do governo continue, distorcendo avaliações sobre a covid-19, e o assunto siga utilizado como arma política a serviço da campanha eleitoral de Trump à reeleição.


O secretário de Estado, Mike Pompeo, que foi diretor da CIA e é um dos membros do governo mais firmes no combate à China, assumiu a dianteira na pressão sobre os órgãos de inteligência, exigindo mais informações, de modo a manter o assunto vivo e repercutindo junto à opinião pública. Teorias da conspiração encontram respaldo, na medida em que há sentimento generalizado que governos escondem fatos e a mídia manipula, de maneira sistemática, as informações.


Tal atitude não se sustenta, porém. Confunde, desinforma, permite que as pessoas sejam manipuladas, e o paradoxo é exatamente esse: ao duvidar de tudo, dão respaldo a teorias falsas e enganosas, com objetivos bem definidos. Teorias da conspiração são, enfim, perigosas e levam a graves erros, e o antídoto a elas é a transparência, a busca da verdade e, principalmente, a confiança e o respeito à ciência em todos os casos e ambientes. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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