Soluções efetivas para o lixo urbano

Trata-se de transformar resíduo em energia, com aproveitamento econômico, e há tecnologia para isso, que vem sendo empregada em todo o mundo

Por: Da Redação  -  22/11/19  -  11:22
Atualizado em 22/11/19 - 11:37

O aterro sanitário do Sítio das Neves, que recebe diariamente os resíduos de sete dos nove municípios da Baixada Santista, está no limite de sua capacidade. Esse alerta vem sendo feito há anos pela Cetesb, a companhia ambiental do Estado de São Paulo. Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) confirmou essa situação, deixando claro que a região está próxima do colapso. 


Em outubro de 2017, A Tribuna publicou matéria segundo a qual o Sítio das Neves só tinha autorização da Cetesb para receber resíduos sólidos por um ano, embora a empresa responsável pela operação, a Terrestre Ambiental, do grupo Terracom, já tivesse protocolado estudo no órgão ambiental para rever a capacidade do aterro e prolongar suas atividades até meados de 2019. Um ano depois, em novembro de 2018, nova reportagem informava sobre a ampliação da área, permitindo que fosse possível receber o lixo por mais três anos. 


O quadro é sério e grave. Apesar dos esforços para prolongar as atividades no local, são evidentes suas limitações físicas. Exigem-se, portanto, soluções mais amplas. Os técnicos do IPT, no estudo desenvolvido, traçaram 12 cenários diferentes e apontaram soluções tecnológicas que possam dar conta da questão nos próximos 20 anos. Um ponto importante é o engajamento da população nos programas de reciclagem, processo que exige, porém, profundas mudanças de hábitos e cultura da sociedade. 


A melhor opção, com base nas dimensões ambiental, econômica e social, foi definida como a triagem semi-mecanizada para separar o que é ou não é reciclável e a instalação de uma usina de incineração de lixo, que faria o "tratamento térmico com recuperação energética". A proposta foi questionada por especialistas na área ambiental, com investimentos de R$ 821 milhões, em valores de 2018, e gasto de operação anual de R$ 82 milhões. Outra dificuldade é o tempo de implantação: no mínimo de seis anos.  


A Terracom, responsável pelo aterro do Sítio das Neves, tomou a iniciativa de propor uma solução desse tipo em sua área, já apresentada à Cetesb. Trata-se de implantar uma Unidade de Recuperação Energética (URE) no local, que transformaria parte do lixo em energia. O projeto tem capacidade inicial de produzir 50 megawatts-hora, o que, segundo o diretor de operações da empresa, Antonio de Mello Neto, seria suficiente para atender uma cidade de 250 mil habitantes. 


Não há dúvida que soluções deste tipo são as indicadas. Trata-se de transformar lixo em energia, com aproveitamento econômico, e há tecnologia para isso, que vem sendo empregada em todo o mundo. A Cetesb ainda aprecia o pedido de ampliação do Sítio das Neves, que permitiria ampliar seu uso. Mas isso é paliativo: é preciso encontrar saídas definitivas e efetivas, e a URE no local pode ser a alternativa.  


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