Sinais que servem de alerta

Como se pudesse combinar com o novo coronavírus que ele já provocou os estragos necessários e que é hora de ir embora

Por: Da Redação  -  14/11/20  -  10:00

Com as atenções voltadas para as eleições municipais ou o estranhíssimo pleito que elegeu o americano Joe Biden, os brasileiros parecem pouco atentos aos sinais de disseminação da covid-19 que persistem e até avançam em pontos específicos do País. A demora para o registro de casos e óbitos decorrentes do novo coronavírus no País colabora com os displicentes e negacionistas que acham que a pandemia caminha para o fim. Também se vê em lives participantes sem conhecimentos médicos ou pouco acostumados à saúde hospitalar de que já se aprendeu o bastante sobre a doença e que agora se sabe como tratá-la. Ou ainda que não há tantas mortes como no primeiro semestre. Para reforçar esse comportamento errático, convém à classe política não tocar na piora dos dados na véspera das eleições, afinal poderia parecer fracasso das medidas tomadas ou que a população não aguenta mais ouvir falar na doença. Como se pudesse combinar com o novo coronavírus que ele já provocou os estragos necessários e que é hora de ir embora. Entretanto, descuido, voluntarismo e procrastinação não combinam com a ciência. 


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Entre os fatos recentes, chama a atenção a notícia de que na Capital os hospitais de áreas nobres estão com seus leitos ocupados em níveis preocupantes. Na semana passada, a Grande Florianópolis, com 91% das UTIs comprometidas, voltou à classificação vermelho gravíssimo. Na Baixada Santista, A Tribuna publicou na edição de ontem que a região registrou 24 mortes em um dia – sete delas em Santos. Em Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nova safra de auxílio emergencial a partir de janeiro em caso de segunda onda. Se Guedes se prepara para eventual volta do socorro a informais e autônomos é porque o entorno do presidente Jair Bolsonaro, um crítico dos “maricas” que temem a doença, acredita que prefeitos e governadores podem voltar a adotar o isolamento social, tal como na Europa agora. 


Essa possibilidade não pode ser descartada porque a socialização voltou em meio a níveis ainda elevados de contaminação. No caso europeu, a incidência despencou, mas no verão de lá os jovens aproveitaram para curtir o calor e, com a aglomeração, se contaminaram e levaram a infecção para seus familiares. Agora, nos países ricos, os registros de morte também cresceram, contrariando essa ideia de que a doença perdeu sua força. 


O novo coronavírus é sim um agente sórdido e surpreendente, mas que será contido pelas vacinas – várias e não uma só porque será difícil imunizar toda a sociedade, inclusive os descrentes, que poderão dar sobrevida à covid-19. O Brasil talvez tenha alguma sorte e uma onda tão intensa como a dos europeus e americanos não chegue dessa forma por aqui ou coincida com a aplicação da vacina. Mas é preciso deixar de lado o costume brasileiro de abusar do improviso e se preparar para eventual quadro pessimista se consumar.


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