Selfies no plenário

Parlamentares ficam o tempo todo com o celular na mão para tirar fotos e acompanhar o noticiário on-line

Por: Da Redação  -  06/07/19  -  21:58

Os parlamentares eleitos no ano passado, principalmente os de primeiro mandato, revelaram neste ano um comportamento peculiar em comum: ficam o tempo todo com o celular na mão fazendo selfies e lives e postando nas redes sociais, além de monitorarem o noticiário on-line. E isso durante sessões, pronunciamento dos colegas, debates acalorados e votações importantes como a da reforma da Previdência, na quinta-feira (4), na Comissão Especial da Câmara. Tal comportamento se repete pelos vários partidos e posições ideológicas, da direita à esquerda.


O uso intenso dos celulares durante os trabalhos parlamentares indica uma sintonia com o eleitorado e também como deputados e senadores estão sujeitos às pressões de seus seguidores. Muitas vezes o melhor caminho para um político não é agradar as suas bases, como é o caso da Previdência, um tema notadamente impopular. Entretanto, com o eleitor tão próximo e com tudo sendo fotografado e filmado, fica difícil contrariar quem está na outra ponta das redes sociais.


Para quem pensa que o uso das redes sociais é arma só dos bolsonaristas, foi curioso notar na sessão da reforma da Previdência a reação de uma deputada da oposição. Logo após o anúncio do placar de 36 votos favoráveis e 13 contrários ao texto do relator Samuel Moreira (PSDB-SP), a parlamentar usou o celular para filmar a comemoração do grupo vencedor. Poucos minutos antes, os grupos de esquerda bradavam que os apoiadores da reforma traíam os trabalhadores e que seriam punidos nas urnas por isso. 


Tudo indica que esse relacionamento eletrônico pós-eleitoral foi precedido por contatos nas redes sociais, sem os tradicionais comícios e santinhos ou o antigo corpo a corpo, como os políticos antigos gostavam de dizer que empregariam para virar o jogo até a hora das urnas.


Para os mais velhos ou os pouco afeitos a navegar nas redes, esse neocomportamento eleitoral parece um tanto superficial ou imediatista, mas se deve admitir que são coerentes com a modernidade. Entretanto, pergunta-se se o instantâneo imposto pelos eleitores via redes sociais a seus parlamentares não teria como consequência o tradicional populismo. Do político que joga sempre para a torcida para se perpetuar no poder, ignorando os impactos dos seus atos sobre as contas públicas, o equilíbrio dos poderes e a própria democracia.


Porém, deve-se observar o eleitor que se predispõe a acompanhar seu deputado eletronicamente. Lembrando que uma das críticas que se faz ao brasileiro é de que ele se esquece em quem votou nas últimas eleições, aquele que monitora seu político preferido via redes sociais exerce sua cidadania e presta um grande serviço à sociedade. Portanto, nesses tempos modernos, assim como os meios eletrônicos podem beneficiar os mal-intencionados, há muitas oportunidades para praticar uma política pelo bem da sociedade.


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