Saneamento na Baixada Santista

Embora os índices de cobertura dos serviços de água e esgoto sejam melhores na região do que no País, há muitos desafios a vencer

Por: Da Redação  -  11/03/20  -  09:39

O primeiro evento do ano do Fórum Região em Pauta, promovido pelo Grupo Tribuna, reuniu autoridades e especialistas para discutir Água, Saneamento e Saúde. Os temas estão interligados entre si, ficando evidente que a ausência de saneamento básico é fator determinante para doenças e problemas de saúde, que atingem especialmente crianças. 


Foi revelada a atual situação na Baixada Santista. Embora os índices de cobertura dos serviços de água e esgoto sejam melhores na região do que no País, há muitos desafios a vencer. Em primeiro lugar, existem diferenças importantes entre os vários municípios. Há água tratada para 100% dos santistas, mas esse número cai para 73,2% em Bertioga, enquanto a coleta e tratamento de esgoto mostram problemas ainda maiores, já que, em Itanhaém, a cobertura é de apenas 44,6% e 54%, respectivamente.


As perdas na distribuição de água são enormes. Isso demonstra não apenas problemas nas redes, com vazamentos, mas principalmente ligações clandestinas, computadas pela Sabesp como "perdas". As maiores taxas estão em São Vicente (50,6%) e Guarujá (49,9%), cidades que têm grandes áreas invadidas e irregulares, sem ligações oficiais de água. Não há dados disponíveis para Cubatão, outro município que tem boa parte de sua população nessa condição. 


O panorama relativo a esgoto é preocupante. 32,4% da população da Baixada Santista não tem os serviços de coleta. Do que é coletado, falta o tratamento para 28,7% desse total, indicando a necessidade de obras. A universalização dos sistemas de água e esgoto, ou seja, o atendimento de todos os moradores da região, só será atingido em 2050. É positivo, porém, o fato que a Sabesp, ao assinar contrato com a Prefeitura de Cubatão, que deve ocorrer em breve, assuma a responsabilidade por administrar o conjunto regional, com investimentos de R$ 5 bilhões nos próximos 30 anos para levar o abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto a 100% da população regional.


Cabe às Prefeituras, que são as responsáveis pelo saneamento e constituem o poder concedente nos contratos com a Sabesp, fiscalizar e exigir o cumprimento das metas estabelecidas. Mas, para que a situação efetivamente se concretize, é necessário resolver a questão das áreas irregulares, nas quais a empresa não pode atuar. 


Como destacou o presidente executivo do Instituto Trata Brasil no evento, Édison Carlos, não existe país desenvolvido sem saneamento, e cidades com deficiências nos serviços de água, coleta e tratamento de esgoto, gastam fortunas com tratamento de doenças e internações. Falta de saneamento é esgoto na praia, com contaminação da água e comprometimento da balneabilidade, afastando turistas. As ações precisam acontecer, de modo a superar, no menor prazo possível, as atuais deficiências.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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