Saneamento na Baixada Santista

Há problemas quanto à distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto. O quadro piorou nos últimos dez anos quanto ao abastecimento de água

Por: Da Redação  -  06/10/19  -  12:33
Atualizado em 06/10/19 - 12:41

Relatório divulgado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS) trouxe dados sobre a situação de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto na região. Segundo o documento, a quantidade hídrica disponível por pessoa recuou 3,7% entre 2014 e 2018. O aumento da população e a utilização das mesmas fontes de captação de água seriam as causas da diminuição, mas não há riscos imediatos, uma vez que a situação é considerada boa, sem exigir mudança no ritmo de expansão da rede de abastecimento.


Há, entretanto, problemas quanto à distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto. O quadro piorou nos últimos dez anos quanto ao abastecimento de água: em 2007, seis municípios tinham cobertura total, com 100% das residências atendidas (Bertioga, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente). Em 2017, apenas Santos manteve essa situação, embora deva ser destacado que o mapeamento exclui núcleos periféricos e áreas não consolidadas. Houve avanços em Cubatão (o índice passou de 70,9% para 85,7%) e Guarujá (elevação de 73,98% para 82,7%), mas piorou bastante em Bertioga (que retrocedeu de 100% para 75,4%). O balanço regional de 2017 mostra apenas três municípios com índice bom (acima de 95%), cinco com condição regular (entre 80% e 95%) e um - exatamente Bertioga - em situação ruim (abaixo de 75%).


No quesito esgoto, o quadro é mais preocupante. Em 2018, a coleta atingia 73,1% das residências da Baixada Santista, tendo retrocedido 0,1% em relação a 2017. Mas a situação mais grave diz respeito ao tratamento dos esgotos: o índice de cobertura regional manteve-se inalterado em 2017 e 2018, fixado em apenas 15,1% do total das residências.


O panorama da região é muito melhor do que o do País. Dados de 2016 revelavam que, no Brasil, 16,7% da população não tinha acesso à água tratada, enquanto 48,1% dos domicílios não possuíam coleta de esgoto. Mesmo assim, impõem-se ações de ampliação dos atuais serviços nas cidades da Baixada Santista. Há desafios a vencer na universalização do sistema, que são a existência de aglomerados urbanos irregulares, e a eficácia do serviço durante a temporada de verão, quando a população de alguns municípios triplica, exigindo reserva suficiente.


A regularização fundiária dos lotes é necessária e urgente para que os serviços possam chegar a eles, mas é preciso aumentar ainda mais os investimentos na área, sem descuidar da redução do desperdício de água, ainda muito elevado: estima-se que 30% são perdidos entre a captação e o consumo. A questão do tratamento de esgoto é, porém, o grande problema a ser enfrentado e resolvido: a precariedade atual faz com que a contaminação de rios e do mar seja constante e problemática, além de oferecer grandes riscos à saúde de milhares de pessoas. 


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