Saúde pública asfixiada

Municípios devem investir mais na prevenção para reduzir a dependência de hospitais

Por: Da Redação  -  03/07/19  -  12:34

Ao mesmo tempo em que a região tem um deficit de 800 leitos, pelo menos 62% desse total poderia ser ofertado à população se o Estado e as prefeituras conseguissem reabrir vagas fechadas por falta de recursos. Segundo análise das autoridades do setor, a crise econômica dos últimos anos atingiu em cheio o orçamento das instituições, que não tiveram alternativa, reduzindo as internações.


Obviamente que as consequências desse problema recaem diretamente sobre a população que mais precisa e que não tem condições de apelar para os serviços dos planos de saúde. Reflexos esses que resultam em mais despesas para o setor público. Os pacientes, sem a devida atenção, tendem à cronificação de suas doenças e tratamentos mais demorados, dolorosos e, claro, de maior custo.


Prefeitos e vereadores costumam reivindicar a construção de hospitais para suas cidades, o que merece até apoio. Porém, considerando as condições financeiras atuais, torna-se mais viável tentar reabrir leitos e serviços atualmente fechados por problemas de orçamento. E como fazer isso, se não há espaço nas contas municipais e estadual para fazer esse aporte extra na saúde? A solução está com os prefeitos e seus secretários de Saúde e de Finanças, que precisam elencar prioridades e passar um pente-fino nas despesas de outras pastas.


Esse exímio trabalho de gestão eficiente da Saúde se torna mais necessário quando se observa as notícias que vêm da economia. As previsões para o Produto Interno Bruto são cada vez mais pessimistas e, com certeza, isso logo terá impacto na receita com impostos. Portanto, o horizonte para a Saúde, assim como para as outras áreas do setor público, não é animador.


Outro sinal preocupante é a completa discrição com que o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, tem trabalhado. Pouco se lê sobre ele no noticiário, o que poderia ser até positivo, tamanha a quantidade de brigas e polêmicas que se vê no Governo Jair Bolsonaro. Entretanto, Mandetta parece caminhar para uma gestão de poucas ideias e realizações, uma pena em um setor tão carente de eficiência e prestação de serviços de qualidade.


Dessa forma, a saúde pública caminha do mesmo jeito das últimas décadas, sem recursos e na base do improviso. Até agora, não há um mínimo sinal de um trabalho sério que possa reverter esses problemas. Deve-se perguntar quais realizações na área de saúde os políticos no poder irão apresentar ao eleitorado.


Mas ainda há tempo para iniciativas serem tomadas para começar a corrigir as falhas. Os municípios devem investir mais na prevenção e na saúde básica para reduzir a dependência de hospitais. Até os planos privados, sufocados por gastos crescentes das novas terapias, têm buscado esse caminho. A solução está no estímulo à prática de esportes e check-ups periódicos.


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