Saúde fora do radar de Brasília

Este governo precisa assumir uma pauta positiva na saúde, seguindo as tendências dessa área que têm dado certo pelo mundo

Por: Da Redação  -  13/05/19  -  20:41

Tema constante das pesquisas que apontam as principais preocupações do brasileiro, a saúde pública praticamente está ausente das notícias neste Governo Jair Bolsonaro. A área ocupou o noticiário logo no início da gestão do presidente, quando Cuba decidiu chamar seus profissionais contratados pelo programa Mais Médicos. Depois, o vazio tomou conta desse assunto. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quase não aparece no noticiário, o que neste momento pode até ser uma vantagem. Talvez porque não esteja envolvido em polêmicas, como brigas entre membros do governo que tanto abalam a Educação.


Pronto-socorro lotado, falta de médicos em hospitais, planos de saúde e surtos de doenças continuam sendo registrados pela imprensa no dia a dia, mas o que se sente falta é que não há informações sobre o que o Governo Federal pretende fazer nessa área. Prefeitos e governadores têm grande responsabilidade sobre a qualidade dos serviços que chegam à população, mas é Brasília que define normas e padrões de funcionamento, assim como fixa a maior parte dos recursos da saúde. Uma visita ao portal do Ministério da Saúde também não dá pistas sobre o que tem sido feito pelo atual governo. Na sexta-feira, o site da pasta destacava as 99 mortes por gripe no País, um estudo sobre alimentação infantil e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, envolvido na campanha de vacinação.


Entretanto, há muito a fazer na saúde e o Governo Bolsonaro precisa vir a público anunciar o que pretende realizar, afinal é seu dever pôr em prática as promessas de campanha. A começar pelos hospitais, sufocados pela falta de recursos e gestão ineficiente, mas que têm que recuperar sua capacidade de investimento para adotar terapias com maior tecnologia.


É preciso também resolver o drama dos pacientes dos planos de saúde, cada vez mais restritivos devido ao aumento das mensalidades e coberturas insuficientes. Há ainda a vacinação, assolada por boatos inaceitáveis nas redes sociais que questionam sua eficácia. O País depende de um governo contundente frente a isso, além de investimentos em coberturas amplas contra doenças antes controladas, como o sarampo.


Este governo precisa assumir uma pauta positiva na saúde, seguindo as tendências dessa área que têm dado certo pelo mundo, como na Holanda e em Cingapura, entre outros países. Trata-se do foco na prevenção, com médicos de família e estímulo à prática física e consumo de alimentos saudáveis, em detrimento da internação nos hospitais. Essa estratégia não é nova e geralmente está no programa de promessas dos candidatos, mas costumam não sair do papel. Portanto, espera-se do ministro Mandetta o protagonismo em sua área. O País depende de programas consistentes, que sobrevivam à troca de governos e não sirvam apenas para angariar votos.


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