Saídas para a crise brasileira

O desafio persiste, e grandes mudanças estruturais são necessárias, mas exigem ações e atitudes imediatas

Por: Da Redação  -  23/06/19  -  19:35

As dificuldades econômicas do País são percebidas por todos. Não há crescimento econômico; a confiança é muito baixa; os investimentos públicos e privados não acontecem; o desemprego segue em níveis elevados, sem perspectivas de recuperar-se. Neste cenário, a reforma da Previdência avança, apesar de dificuldades e resistências, normais em projetos dessa envergadura.


Há a certeza que, embora necessárias, as mudanças previdenciárias não irão resolver imediatamente os graves problemas nacionais. A reforma abre importante espaço fiscal, mas os efeitos virão com o tempo; daí as contas sobre economia de gastos serem calculadas por prazo de 10 anos. No ritmo atual, persistirá a estagnação econômica, com séria ameaça de profunda crise social.


O País precisa, além da reforma da Previdência, mudar sua estrutura tributária, acelerar as privatizações, além de promover profunda reforma do Estado brasileiro. Isso, porém, não será suficiente: é necessário abrir espaços para intensificar o comércio internacional, e tal ação exige criar condições para que haja redução de tarifas comerciais e diminuição da burocracia; em suma, convergências regulatórias para incorporar o País às boas práticas internacionais.


Aumentar a produtividade da economia nacional é outra condição básica para o crescimento. E isso envolve investimentos e atitudes em relação à educação, formação e qualificação da mão de obra, levando em conta as mudanças tecnológicas em curso no mundo, em relação às quais o Brasil mantém-se atrasado e sem condições de acompanhar no ritmo necessário.


Não existem, porém, estratégias de curto prazo, capazes de reduzir (ou pelo menos amenizar) os dramas atuais, que atingem milhões de desempregados e consumidores afogados em incertezas, além de refletir-se em desigualdade crescente. Preocupa assistir a querelas ideológicas, como são vistas na educação (com estéreis e inúteis discussões sobre Escola sem Partido ou influência da esquerda nas universidades), no meio ambiente e até mesmo na esfera econômica, como se notou na demissão do presidente do BNDES, Joaquim Levy.


É fundamental criar rede de sustentação de curto prazo, capaz de dar emprego e renda a milhões de pessoas, e romper o ciclo depressivo, que alguns economistas já denominam de estagnação secular, caracterizado pelo baixo crescimento agravado pela demanda agregada reprimida e tendências demográficas adversas.


Medidas emergenciais podem ser tomadas, como liberar saldos do FGTS e PIS, mas terão poucos resultados. Até mesmo a provável redução da taxa de juros básica da economia, anunciada para depois da reforma previdenciária, não trará alívio relevante. O desafio persiste, e grandes mudanças estruturais são necessárias, mas exigem ações e atitudes imediatas.


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