Robôs e empregos

Pesquisa revela que mais da metade dos empregos formais e informais no Brasil podem ser substituídos por máquinas e robôs nos próximos 10 a 20 anos

Por: Da Redação  -  05/10/19  -  12:09

O assunto não é novo, mas a revelação que as máquinas ocupam cada vez mais espaço nas atividades produtivas traz preocupações quanto ao futuro dos empregos. É real, em todo o mundo, o avanço da tecnologia e a multiplicam-se as possibilidades para o aprimoramento e maior produtividade dos processos sem a necessidade do elemento humano. 


Estudo da consultoria IDados, cruzando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE com trabalho da Universidade de Oxford, que classifica as ocupações em faixas de risco de automação, revelou que mais da metade dos empregos formais e informais no Brasil (58,1%) podem ser substituídos por máquinas e robôs nos próximos 10 a 20 anos, representando 52,1 milhões de postos de trabalho.


Entre as profissões com maior risco de ser automatizadas estão as que não demandam originalidade e criatividade para ser exercidas, além de não exigir relações socioemocionais e certas habilidades motoras. Há 98% de probabilidade de serem extintas as funções de condutores de automóveis, táxis e caminhonetes (substituídos por carros autônomos), 95% para cobradores e afins, 94% para entrevistadores de pesquisas de mercado, 93% para balconistas de serviços de alimentação e 90% para garçons.


Em contrapartida, ganham realce e destaque profissões que exigem habilidades especiais, como psicólogos, engenheiros químicos, veterinários e advogados e juristas, cuja probabilidade de extinção é muito pequena. Por mais que a tecnologia avance, robôs não serão capazes de substituir o contato humano nessas atividades.


O movimento de substituição de mão de obra tradicional por máquinas é notado por toda parte. Nos bancos, o atendimento pessoal é cada vez menor, e substituído por caixas automáticos ou serviços digitais, realizados por smartphones e computadores. Várias lanchonetes têm máquinas de autoatendimento, e muitos restaurantes oferecem seus cardápios em tablets, sem utilizar garçons.


O uso de máquinas exige investimentos iniciais altos. A crise econômica, aliada ao baixo custo da mão de obra sem qualificação, como ocorre no Brasil, pode retardar o processo. O exemplo da construção civil pode ser citado: trata-se de setor em que a produção artesanal ainda prevalece sobre métodos e processos industrializados. 


Não há dúvida, porém, que a automação irá avançar e empregos tradicionais vão desaparecer. O trabalho, porém, não desaparecerá. Economistas salientam que a utilização de máquinas existe desde o início da Revolução Industrial, no fim do século 18. É certo que novas oportunidades surgirão, a exigir qualificação e preparo do capital humano, que precisa ser preparado para as novas ocupações que irão surgir em áreas como cibersegurança e big data, a demandar atenção e investimento nas próximas décadas. 
   


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