Risco da pandemia em alta

O ideal é manter os cuidados por mais tempo. Se a prevenção for respeitada, medidas drásticas poderão ser evitadas

Por: Da Redação  -  19/11/20  -  10:13

O retorno do aumento das internações e mortes por Covid-19 na Baixada Santista não surpreende. Os sanitaristas alertaram meses atrás que afrouxar as regras restritivas ao convívio social com o novo coronavírus ainda em circulação era um erro, mas o aviso não convenceu tanto a ala política como a própria sociedade. Os números publicados ontem por A Tribuna são reveladores e merecem profunda reflexão sobre o que deve ser feito daqui para frente. Em apenas uma semana – entre os dias 11 e 17 – a média móvel de óbitos da região aumentou 37,5%, respectivamente de oito para 11. Se a estatística ainda não é suficiente para convencer muitos sobre a gravidade do momento, é preciso ficar atento aos relatos que vêm dos corredores hospitalares. Uma das instituições já está com os leitos de clínica médicas todos ocupados e Beneficência Portuguesa e Santa Casa registram aumento contínuo de pacientes com Covid-19.


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O perfil também mudou em relação ao da primeira fase da pandemia. Há mais jovens entre os casos registrados e, devido à faixa etária, os sintomas evoluem com menos complicações. Mas isso não significa qualquer vantagem. De uma forma ou de outra vão buscar atendimento hospitalar. No final das contas, o sistema fica sobrecarregado, o que é muito perigoso se os número aumentarem abruptamente. Não se deve esquecer ainda que os jovens têm contato com familiares, como pais, tios e avós ou entes com comorbidades, que ficam expostos ao risco de tratamentos mais demorados e dolorosos.


O repique dos casos na região também não surpreende porque repete o mesmo caminho de Florianópolis e Curitiba ou áreas nobres e de classe média de São Paulo. No caso da capital catarinense, o “covidômetro” da Prefeitura aponta ocupação de 86% das UTIs. Florianópolis está em nível vermelho gravíssimo, que não fechou o comércio, mas impôs restrições de horário, além de proibir cinemas e teatros e permitir as praias só para prática individual de esportes.


A Europa também merece ser observada, principalmente Portugal, que foi exemplo de controle na fase aguda, no primeiro semestre. Na segunda-feira o país bateu recorde de mortes em 24 horas com 91 registros. O caso português se assemelha aos dos outros países europeus com problema semelhante – o relaxamento amplo das medidas no verão, que propiciou a retomada da disseminação da doença.


O presidente Jair Bolsonaro demonstrou incômodo há poucos dias ao reclamar que já se fala de segunda onda de Covid-19 no Brasil. As urnas mostraram que suas posições negacionistas não contaminaram a todos. Mas as praias voltaram a ficar cheias e, nos ônibus, o número de idosos aumentou e há passageiros que viajam com as máscaras no pescoço. O ideal é manter os cuidados por mais tempo, evitando aglomerações ainda que em pequenos grupos. Se a prevenção for seguida, medidas drásticas poderão ser evitadas.


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