Reencontrar o rumo

Os fatos recentes sinalizam falta de foco, pouca coragem para enfrentar os desafios e muita mesquinhez e individualismo

Por: Da Redação  -  11/04/21  -  09:08

Os dados diários da covid-19, com mais de 4 mil mortes no País, são mais do que chocantes, mas o que preocupa é que a usina de fatos ruins relacionados ao governo e seu entorno político parece estar ao seu nível de capacidade máxima.


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Independentemente de diferenças políticas ou ideológicas, o esforço de qualquer cidadão, seja trabalhador ou empresário, e dos líderes políticos deve ser voltado à recuperação econômica mediante uma vacinação mais acelerada e impecável. Mas os fatos recentes sinalizam a mais completa falta de foco, pouca coragem para enfrentar os desafios de frente e muita mesquinhez e individualismo em detrimento dos reais interesses da nação.


A imagem de um governo perdido não é de agora, mas se pensou que a eleição dos novos comandos das duas casas legislativas alinhados com o Palácio do Planalto daria uma certa estabilidade. O que realmente se vê é uma desconexão das lideranças de Brasília com a realidade e um chefe do Executivo atento a questões ideológicas caras ao seu eleitorado, mas disperso em relação ao que o País precisa – uma figura central para cuidar dos doentes e não de interesses eleitoreiros.


Observando as últimas semanas, primeiro veio uma reforma ministerial que, ao invés de melhorar a governabilidade, introduziu no alto escalão pessoas de confiança dos filhos do presidente e o Centrão no controle direto da articulação política. Depois se consolidou a imagem de um novo ministro da Saúde, apesar do discurso mais propositivo, sem autonomia para tomar todas as medidas necessárias frente à pandemia. Por último, o próprio Jair Bolsonaro acirrou o confronto entres os poderes ao fazer ataque frontal ao ministro do STF, Luís Barroso, depois de ter mergulhado na defesa de missas e cultos em pleno auge da transmissão da doença – uma irresponsabilidade sem limites. Houve ainda uma reunião de Bolsonaro com empresários em São Paulo para desfazer a imagem de presidente que ruma contra a recuperação da economia. Porém, no jantar, o presidente passou a desferir críticas ao governador João Doria. Nada mais dispensável e sem utilidade, considerando que as prioridades do empresariado são reformas e vacinação.


Melhor seria o presidente seguir o exemplo do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que sem ruído político conduziu três dias de leilões (aeroportos, ferrovia e terminais portuários) com resultados objetivos para o caixa do governo.
Mas, daqui para frente, com a CPI da Covid imposta pelo Supremo e uma rebelião da base contra esperados vetos presidenciais no Orçamento, o que reduz as verbas à disposição do Centrão, não é possível ficar otimista em relação à capacidade de articulação do Palácio. As pressões sobre o governo serão imensas ao mesmo tempo em que a pandemia está mais mortal do que nunca. Espera-se que em algum momento do próximo semestre o País possa ter sinais mais claros de recuperação e a esperança jamais pode ser deixada de lado.


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