Rebeldes na esquerda

Levantamento apontou que a maioria acha a reforma necessária, apesar de haver discordância sobre pontos individualmente

Por: Da Redação  -  19/07/19  -  19:40

A necessidade clara de reformar a Previdência Social, que fechou no ano passado com rombo de R$ 290 bilhões, está por trás da dor de cabeça do comando do PDT e PSB com seus deputados que votaram no dia 10 favoravelmente à proposta do Governo Bolsonaro. Quando se apurou o primeiro turno, o placar revelou um massacre na oposição, com 379 votos favoráveis (quase 50 acima do esperado pelo governo) e 131 contra.

Aparentemente, a pesquisa Ibope divulgada dois dias antes, indicando 59% de apoio da população à proposta, reduziu a resistência de parlamentares ao tema. O levantamento apontou que a maioria acha a reforma necessária, apesar de haver discordância sobre pontos individualmente.  


Contudo, antes da pesquisa, as duas legendas fecharam questão contra o texto – isto é, todos os seus parlamentares, em um total de 59, ficaram obrigados a votar contra. Mas 19 deles – oito do PDT e 11 do PSB – decidiram apoiar as mudanças. As duas siglas, antigas aliadas dos governos petistas, não têm homogeneidade ideológica como o PT, o PSOL e os partidos comunistas. Por isso, questões de consciência acabaram pesando mais do que a determinação dos comandos partidários.

Agora, essas lideranças decidiram agir para mostrar firmeza e manter a unidade. Os pedetistas rebeldes já estão com suas atividades suspensas até decisão final do Conselho de Ética. O colegiado equivalente dos pessebistas ainda não anunciou o que fará em relação a quem contrariou a decisão da sigla.


Na região, Rosana Valle é um dos 11 nomes do PSB que apoiaram a reforma e estão na mira do Conselho de Ética da legenda. O caso que mais chama a atenção é o de Tabata Amaral (PDT-SP), eleita com 264. 450 votos no ano passado, a sexta colocação no estado. Tabata ganhou de forma pulverizada e conquistou 5.277 votos na Baixada Santista – quase metade deles em Santos.

Ela atraiu apoios por meio de sua formação no movimento Renova BR, que elegeu 16 de 120 nomes inscritos, cujas filiações vão do DEM à Rede. O Renova BR, como o nome indica, buscou a renovação da política em várias frentes ideológicas – sem o PT. Teve o patrocínio de empresários, como Luciano Huck, gerando críticas da esquerda.  


As siglas estão desafiadas a punir deputados populares, que poderão seguir suas carreiras em outros partidos – o Supremo já decidiu que em caso de desfiliação o partido não é dono da vaga do parlamentar. Seus caciques já indicaram que poderão rever punições caso os rebeldes votem diferente no segundo turno da reforma.

Com certeza a esquerda errou ao adotar estratégia eleitoreira, apostando na ideia da impopularidade e fechando questão contrária. Teriam prestado um grande serviço ao País se tivessem assumido posições objetivas sobre cada ponto do texto, buscando alterar o que acham errado.Tentar impedir a reforma prejudica o futuro dos atuais trabalhadores. 


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