Reabertura econômica em SP

'Plano São Paulo', que será baseado na ciência, no número de novas infecções, bem como na capacidade de tratar os doentes, será apresentado apenas em 8 de maio

Por: Da Redação  -  24/04/20  -  19:20

Frustrou-se quem esperava detalhes sobre a flexibilização do isolamento social em São Paulo na entrevista do governador João Doria. Houve apenas a reafirmação que a reabertura será iniciada em 11 de maio, seguindo critérios diferenciados por região e levando em conta cada setor da economia. 


O "Plano São Paulo" que, segundo Doria, será baseado na ciência, no número de novas infecções bem como na capacidade de tratar os doentes, será apresentado apenas em 8 de maio, dois dias antes do fim do decreto que estabeleceu a atual quarentena. Até lá o governo espera avançar nos dados e informações, especialmente quanto a resultados de testes rápidos que poderão dar a dimensão real do número de contaminados e sua localização.


A atitude do Governo de São Paulo é correta. Não toma decisões precipitadas nem cede às pressões do setor empresarial - o comércio desejava a reabertura das lojas no início de maio para as vendas do Dia das Mães, a segunda data mais importante em vendas após o Natal.


A saída do isolamento, que é necessária, deve se dar com base em critérios rígidos, que envolvem, de um lado, o acompanhamento das internações e disponibilidade de leitos de UTIs e a intensificação da testagem da população e, de outro, regras sobre aglomerações, uso de máscaras pela população e horário de funcionamento dos estabelecimentos.


Um ponto é especialmente importante: a realização de testes para determinar, com precisão, a quantidade de pessoas infectadas pela Covid-19. Não se trata de testar milhões de pessoas, e sim de utilizar técnicas estatísticas que permitam obter números confiáveis e áreas/regiões mais atingidas. Nesse sentido, o estudo pioneiro da Universidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, que testou 4.189 pessoas, indicou que o número provável de casos deve ser sete vezes maior do que os registros oficiais. 


Anuncia-se um trabalho semelhante na Baixada Santista, com 10.000 amostras, dividido em quatro fases durante o mês de maio. Serão feitos testes imunológicos rápidos, cuja preocupação não é apontar quem está ou não doente (para essa finalidade indica-se o teste RT-PCR), mas sim levantar aqueles que já contraíram a covid-19 e produziram anticorpos, mesmo os que não apresentaram sintomas da doença.


É importante que esse estudo seja imediatamente iniciado, com rigor científico, e que os dados sejam interpretados, de modo a permitir ações de prevenção e combate ao coronavírus em determinadas áreas, permitindo a flexibilização do isolamento social em outras. 


Até aqui, a estratégia paulista, que vem sendo seguida pelos municípios do estado, tem se mostrado eficiente e segura. Isso deve prosseguir, de modo a evitar o contágio, a superlotação de hospitais e, pior, a perda de milhares de vidas humanas.


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