Reabertura da economia

Comércio de rua deve ser o primeiro a reabrir, mas autorizações vão depender da situação de cada cidade ou região do Estado de São Paulo

Por: Da Redação  -  22/04/20  -  20:32

O Governo de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (22) medidas de reabertura gradual da economia, paralisada em razão da pandemia da Covid-19. Não deve haver mudanças até 10 de maio, mas a expectativa é que após essa data sejam adotados, como destacou o vice-governador e secretário de Governo Rodrigo Garcia, "isolamentos ou quarentenas heterogêneas".


O comércio de rua deve ser o primeiro a reabrir, mas as autorizações vão depender da situação de cada cidade ou região. O governo estadual busca agora obter mais dados sobre a expansão da Covid-19 para colocar em prática um programa em fases que, respeitando a orientação de especialistas e da ciência, permita liberar gradativamente a economia.


Discutir saídas para o confinamento e buscar formas de pôr em prática seu relaxamento é absolutamente necessário. Infelizmente, o assunto vem sendo tratado de forma ideologizada no país: tornou-se palco de confrontos diários entre partidários do presidente Jair Bolsonaro, que sempre defendeu a volta das atividades econômicas, e seus adversários políticos.


A queda do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se deu em função dessa disputa, que nunca respeitou critérios técnicos ou argumentos científicos. São Paulo tem, portanto, grande desafio à frente: iniciar o processo de transição sem colocar em risco a maioria da população. O estado é o epicentro da pandemia no Brasil, com mais de mil mortes causadas pela doença registrada, cerca de 40% do total de óbitos no País. 


Vários estudos apontam que o isolamento é a forma mais segura e eficiente para conter a propagação do vírus. Trabalho da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que há risco de aumento de casos confirmados da covid-19 no interior e no Litoral se não for respeitado o confinamento. Destaque-se ainda que a Baixada Santista já é a segunda região paulista com maior número de vítimas fatais, tendo ocorrido aumento de 70,2% na letalidade na última semana.


Daí a preocupação do secretário de Saúde, José Henrique Germann, salientando que o avanço da mortalidade em cidades fora da Região Metropolitana de São Paulo reforça a importância da adesão à quarentena por todos os moradores do interior e do litoral do estado.


Todos os organismos internacionais recomendam a suspensão do confinamento com planejamento e testagem da população, que necessita investimentos altos em equipamentos, reagentes e mão de obra. Cuidados adicionais com aglomerações e uso de máscaras são também fundamentais.


Não se pode, da noite para o dia, retomar atividades normais. A doença atinge jovens (metade dos infectados na cidade de São Paulo tem até 49 anos) e o número de pessoas com doenças crônicas é elevado (25% dos brasileiros com mais de 18 anos têm hipertensão), reforçando os cuidados que serão necessários na transição.


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