Reação necessária

Medidas precisam ser tomadas para reverter, rapidamente, atual quadro, com avanços nos próximos testes Pisa

Por: Da Redação  -  04/12/19  -  17:43

Não se confirmou a previsão do ministro da Educação, AbrahamWeintraub, que o Brasil ficaria em último lugar na América do Sul na recente edição do teste internacional Pisa, que avalia a qualidade da educação básica em 79 países.


Divulgados os resultados de 2018, o Brasil ficou ligeiramente à frente da Argentina em Matemática, e de Peru, Colômbia e Argentina em leitura, enquanto empatou com Peru e Argentina em Ciências.


A classificação do país no ranking continuou, entretanto, muito ruim. Constatou-se que a última década foi de estagnação, sem avanços em nenhuma área. Nos testes realizados com alunos de 15 anos, o Brasil ficou na 42ª posição em leitura; na 53ª em ciências e na 58ª em matemática.


Chama a atenção ainda a quantidade de alunos que ficaram abaixo do desempenho considerado mínimo. Do total de estudantes, quase a metade (43%) não alcançou o nível mínimo em nenhuma das áreas do conhecimento.


A situação mais grave é da matemática, na qual apenas 32% dos brasileiros atingiram o mínimo na disciplina, enquanto a média mundial ficou em 76%. O nível máximo, por sua vez, só foi alcançado por 2% dos alunos em leitura, e 1% em matemática e ciências. A média internacional foi de 9%, 11% e 7%, respectivamente.


Há contraste profundo não só com países desenvolvidos e ricos, mas também com outros em desenvolvimento, como a China. Quatro províncias e municipalidades chinesas (Beijing, Xangai,JiangsueZheijiang) lideram o ranking nas três áreas. Lá vivem 180 milhões de pessoas, pouco abaixo da população brasileira, e a ascensão nos padrões de qualidade do ensino é impressionante.


O nível de renda das quatro regiões chinesas está consideravelmente abaixo da média dos países pesquisados, e isso não impediu a evolução, trazendo a perspectiva que a qualidade alcançada irá alimentar a força da economia no futuro breve.


No Brasil, os alunos mais ricos têm desempenho inferior ao dos pobres de dez países, evidenciando que os problemas atingem todos os estudantes,independentede sua condição financeira. Por outro lado, 9,5% dos estudantes brasileiros de nível socioeconômico e cultural mais baixo conseguiram ter notas altas em leitura, aproximando-se da média geral, que foi 11,5%.


Há experiênciasbem sucedidasem regiões muito pobres no Brasil, como em Sobral, no Ceará, a demonstrar que é possível mudar o atual quadro. O futuro do país depende da qualidade de ensino: é preciso, portanto, promover ações e investimentos que possam alterar esse quadro muito ruim, que complica o desenvolvimento nos próximos anos.


Impõe-se autêntica revolução nos métodos e currículos, além da valorização e promoção dos professores, com envolvimento das famílias e da comunidade, de modo a reverter, rapidamente, o atual quadro, com avanços nos próximostestes Pisa.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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