Reação da Bolsa

A reação da semana foi mais atribuída a fatores externos, com a gradual retomada de atividades em vários países da Europa e Ásia. Mas o quadro ainda é muito incerto

Por: Da Redação  -  01/05/20  -  10:39
Atualizado em 01/05/20 - 10:41

O Ibovespa reagiu nesta semana. Após a derrocada que aconteceu em março, quando o índice recuou 29,9%, houve alguma recuperação nos últimos dias, e abril fechou com resultado positivo, embora ainda longe de zerar as perdas do mês anterior. Foram três dias consecutivos de alta expressiva (de segunda a quarta-feira), mas ontem houve nova queda na Bolsa, indicando que persiste grande volatilidade no mercado acionário.


É amplamente reconhecido que investimentos em ações trazem riscos aos aplicadores. O movimento, entretanto, era, até o início da pandemia do coronavírus, de otimismo: o Ibovespa teve alta significativa em 2019, e a expectativa era de mais lucros neste ano. Diante de um cenário de juros muito baixos (a remuneração dos títulos de renda fixa caiu muito), os investidores passaram a comprar ações (diretamente ou por meio de fundos), confiando em bons resultados neste ano.


A Covid-19 interrompeu de modo brusco esse fluxo. As perdas iniciais foram grandes, mas não houve pânico. A melhor recomendação aos investidores era manter suas posições e aguardar a evolução. O exemplo da crise financeira de 2008 foi lembrado: apesar da enorme queda registrada (maior do que a atual), a recuperação acabou por vir, embora tardando, e exigindo paciência e sangue frio dos aplicadores.


A reação da semana foi mais atribuída a fatores externos, com a gradual retomada de atividades em vários países da Europa e Ásia. Mas o quadro ainda é muito incerto, e o momento exige cautela e prudência. Há um cenário político interno turbulento, com conflitos entre o Poder Executivo e o Legislativo, divergências profundas sobre a estratégia do combate à covid-19 entre o presidente da República e os governadores, e quanto à política econômica.


Apesar do presidente Jair Bolsonaro ter reiterado seu apoio ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e este ter demonstrado boas relações e entendimento com o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, a respeito do Programa Pró-Brasil, cresceram muito as dúvidas se o Governo Federal irá manter a agenda econômica atual, marcada pelo controle fiscal e prioridade ao investimento privado.


Não se vislumbra como possível a recuperação, no curto prazo, das perdas acumuladas na Bolsa desde o fim de janeiro. Vários setores, como empresas aéreas e ligadas ao turismo, foram duramente atingidas. Mas os estragos se estendem a outros setores, como o varejo, cujas vendas caíram, além do cenário muito negativo para a Petrobras, com queda prevista mais forte do preço do petróleo no segundo semestre do ano.


Os investidores estão apostando na diversificação, o que é correto nesse momento. É importante que a Bolsa tenha reagido, mas ainda é cedo para comemorar resultados: as dificuldades continuam e podem se agravar nos próximos meses.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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