Reação da natureza

Medidas de confinamento social levaram à diminuição do tráfego de veículos nas grandes cidades e à redução da produção. Já se notam mudanças significativas no ambiente global devido a tais ações

Por: Da Redação  -  27/04/20  -  10:39
Atualizado em 27/04/20 - 10:48

É incrível a rapidez com que a natureza vem mostrando sinais de recuperação após as medidas de confinamento social, que levaram à diminuição do tráfego de veículos nas grandes cidades e à redução da produção. Tais ações foram desencadeadas há menos de dois meses, e já se notam mudanças significativas no ambiente global. 


A poluição atmosférica diminui de maneira sensível, e já é possível olhar o céu com estrelas, fato impossível há pouco tempo. O Himalaia se tornou visível aos moradores da Índia pela primeira vez em 30 anos, e animais selvagens voltaram a ser vistos em parques. Em Santos, aves chamam a atenção nas praias, encantando olhares de muitos moradores. Até mesmo as poluídas águas dos canais de Veneza tornaram-se mais límpidas e transparentes.


As evidências são muitas, e fica notória a rápida regeneração da natureza. Essa constatação é muito oportuna diante das mudanças climáticas que ameaçam o planeta, com sério risco do aquecimento global, com eventos extremos, como tempestades, inundações, incêndios florestais e secas em vastas regiões. Ainda é cedo para conclusões, mas os sinais são que, com a menor emissão de gases de efeito estufa por um período mais prolongado, tais ocorrências serão reduzidas em todo o mundo.


É possível, portanto, confiar que, com esforços consistentes e baseados no recente Acordo de Paris, de 2015, poderão ser notadas, com relativa rapidez, mudanças importantes no meio ambiente. O Global Carbon Project, iniciativa que é referência no monitoramento das emissões de gases de efeito estufa, prevê que a desaceleração global provocada pela pandemia da covid-19 poderá representar um corte de 5% nas emissões mundiais em 2020: se isso for comprovado, será a maior queda desde a Segunda Guerra Mundial, muito superior à da crise financeira de 2008, que foi de 1,4%.


Não se conseguirá, é evidente, manter a atual situação de suspensão de atividades por longo tempo. É esperado – e necessário – que elas retornem, de modo a evitar grave crise econômica mundial, atingindo pessoas e empresas. Mas a experiência do confinamento deve ser considerada: várias medidas, como a mudança de horários de trabalho para evitar congestionamentos, o uso mais intenso do home office e da educação a distância, e mesmo do comércio on-line, devem ser incentivadas e promovidas como forma de evitar uma nova crise, de proporções muito maiores do que a da covid-19, relativa ao aquecimento global.


A lição da pandemia precisa ser aprendida, e o mundo deve encarar mudanças estruturais no seu modo de produzir e consumir. Áreas naturais precisam ser protegidas, com mudança da matriz energética. Voltar a tudo que havia antes, com mais apetite ainda diante da demanda reprimida que se criou, é grande erro, com consequências graves para o futuro. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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