Queda na avaliação

Governo de Jair Bolsonaro já é considerado ruim ou péssimo por 30% dos entrevistados, mas resultado está longe de significar a rejeição ao presidente

Por: Da Redação  -  09/04/19  -  19:50

Confirmou-se a trajetória de queda na avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro. Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha a propósito dos 100 dias de sua administração mostrou que ele tem a pior avaliação após três meses no cargo entre os governantes eleitos para um primeiro mandato desde Fernando Collor de Mello, que tomou posse em 1990. O governo é considerado ruim ou péssimo por 30% dos entrevistados, praticamente o mesmo índice dos que o consideram bom ou ótimo (32%).


O resultado está longe de significar a rejeição ao presidente. 59% dos pesquisados confiam nele e acreditam que Bolsonaro vá ter desempenho ótimo ou bom daqui para frente. Mas há decepção entre os eleitores: apenas 13% disseram que ele faz mais do que esperavam, enquanto 61% responderam o contrário, declarando que o presidente fez pelo país menos do que era esperado por eles.


Pode-se atribuir os atuais números às dificuldades econômicas por que passa o Brasil. Afinal, a economia segue em ritmo lento, com o desemprego muito alto (a taxa cresceu no trimestre encerrado em fevereiro para 12,4%, contra 11,6% no trimestre anterior) e as previsões de crescimento do PIB para 2019 têm sido continuamente revisadas para baixo, estando inferiores a 2%.


Não seria razoável, porém, esperar que o governo, em apenas 100 dias, conseguisse a reversão significativa do panorama econômico. É fato que foi proposta ao Congresso a importante e decisiva reforma da Previdência Social, e há iniciativas concretas e bem sucedidas de concessões na área de infraestrutura, envolvendo portos e aeroportos.


O grande problema do Governo Bolsonaro é político. As sucessivas crises que envolveram seus filhos, que continuam tendo grande influência nas redes sociais, a desastrosa gestão no Ministério da Educação e as declarações inadequadas do presidente em várias situações contribuíram para abalar sua popularidade. Sua atuação na reforma da Previdência, prioridade máxima do governo, tem sido vacilante e incerta.


Não surpreende que o vice-presidente, Hamilton Mourão, que tem surgido como contraponto a Bolsonaro, tenha reprovação menor. Embora seja pouco conhecido, Mourão, entre aqueles que apoiam o atual governo, é avaliado como ruim ou péssimo por 18% dos entrevistados (contra 32% de Bolsonaro). Outro ponto a destacar é a imagem negativa do presidente: 57% consideram-no autoritário, 50% acham que ele trabalha pouco, 39% julgam – no pouco inteligente, 44% despreparado e apenas 24% responderam que ele respeita os mais pobres.


É muito cedo para conclusões. A pesquisa, entretanto, acende a luz amarela na comunicação entre o presidente e a população, que exige correções e ajustes, de modo a impedir a erosão ainda maior da sua imagem, com consequências negativas para seu governo.


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