Um dos mais graves problemas da economia brasileira é seu baixo nível de produtividade. A mão de obra nacional não consegue produzir mais com menos horas trabalhando, consequência da falta de investimentos em inovação, equipamentos e capacitação dos funcionários. O problema é antigo e recorrente, mas agravou-se ainda mais com a recente crise econômica. As empresas, para sobreviver, deixaram de realizar investimentos em pesquisa e desenvolvimento, não se modernizaram, enquanto persistem as crônicas deficiências na educação e formação dos profissionais que atuam da produção brasileira.
Há consequências diretas dessa situação. Compromete-se a qualidade do que é feito no País, os custos são mais altos, e a competitividade dos produtos nacionais no exterior resulta muito baixa, com perda de espaço no mercado exportador, principalmente de bens de maior valor agregado, que exigem tecnologia e mão de obra qualificada.
A recuperação do mercado de emprego no Brasil vem se dando por meio da informalidade. O País tem hoje 38,8 milhões de trabalhadores informais, número recorde, que equivale a 41,4% da força de trabalho nacional. As vagas criadas nos últimos dois anos, a maioria informais, oferecem salários mais baixos e têm como característica a menor produtividade: predominam os “bicos temporários”, formados por empregadas domésticas, vendedores a domicílio, entregadores de aplicativos e vendedores ambulantes, como aponta estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).
A conclusão é que o emprego informal vem contribuindo para derrubar ainda mais a produtividade brasileira. Mesmo com certa recuperação econômica (o PIB deve crescer este ano cerca de 1%), haverá, segundo o Ibre-FGV, recuo de 0,8% na produtividade por horas trabalhadas no País. Um círculo vicioso se estabelece: os salários mais baixos, típicos do trabalho informal, estão associados à baixa produtividade. As horas trabalhadas aumentam, mas o valor adicionado não.
Nesse ambiente difícil e complicado, é preciso aumentar a formalidade do emprego e uma das maneiras de se obter resultados positivos é buscar reduzir a alta carga tributária das empresas. Hoje, o que se vê são empresas de baixa produtividade, que se mantém ativas porque não pagam impostos e contratam sem carteira assinada. Mas é preciso destacar ainda que a produtividade só avançará com investimentos maciços em tecnologia – e as firmas nacionais precisam ter confiança para realizá-los – e principalmente com educação e treinamento adequado da força de trabalho.
O desafio de aumentar a produtividade brasileira é enorme, mas precisa ser encarado. Sem isso, não haverá desenvolvimento, e a redução da informalidade, com todas as suas consequências negativas, deve ser prioridade absoluta.